Os argentinos irão às urnas para uma eleição primária no domingo que será um teste para a votação legislativa de meio de mandato de novembro e que será marcada pela apatia política, preocupações com a economia e a sombra da pandemia de coronavírus.
Pesquisas mostram o governo peronista de centro-esquerda em certo apuro. Sua posição forte nas duas casas do Congresso está ameaçada pela oposição conservadora, que tenta capitalizar os erros governistas na administração da crise de saúde.
As primárias de domingo serão o maior referendo até o momento sobre o governo de Alberto Fernández, que se divide enfrentando a pandemia, negociando uma dívida de mais de 100 bilhões de dólares e reativando uma economia em recessão desde 2018.
Mas muitos eleitores estão desiludidos com candidatos dos dois lados da nação sul-americana produtora de grãos.
"Eu poderia entrar na cabine e dizer 'uni, duni, tê', porque acho que dá tudo no mesmo", disse Gonzalo Barmasch, estudante de 22 anos de Buenos Aires.
"Nestas eleições, estou desinteressado", acrescentou Barmasch, dizendo que em anos anteriores teria votado contra o partido peronista governista. "Mas este ano perdi o interesse até na oposição, já que não vejo grandes mudanças."
Uma eleição primária de 2019 que antecedeu a votação presidencial derrubou os mercados quando apontou o líder pró-empresariado Mauricio Macri muito atrás do desafiante de esquerda Fernández, que venceu com facilidade no ano seguinte.
Os mercados se animaram recentemente, em parte devido à expectativa de que o governo atual pode sair enfraquecido da votação de meio de mandato.
O governo foi atingido por um escândalo de acesso de VIPs a vacinas contra Covid-19 em meio a uma distribuição inicial lenta que levou à renúncia do ministro da Saúde e fotos de uma festa realizada pela esposa do presidente enquanto o país estava submetido a um lockdown rigoroso.
"Está sendo um ano complicado, com a pandemia e um governo muito fraco", opinou Mariel Fornoni, diretor da consultoria e instituto de pesquisa Management and Fit, à Reuters.
"Seis de 10 pessoas não têm confiança em como o governo está lidando com a pandemia e sete de 10 não têm confiança em como está lidando com a economia", afirmou.
"Há muita apatia e raiva."