Um erro pode fazer com que a investigação do atentado contra a vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, perca os dados do celular de Fernando Andrés Sabag Montiel, que foi detido na última quinta-feira, após apontar uma arma e tentar fazer dois disparos contra a política.
Os peritos cibernéticos que ficaram encarregados de desbloquear o aparelho para conseguir ter acesso ao conteúdo fizeram com que o telefone reiniciasse e voltasse para as "configurações de fábrica", segundo informa a imprensa local.
Desta forma, nenhuma informação que existia no celular servirá como prova em julgamento. O conteúdo era considerado fundamental para a averiguação da participação de mais pessoas no atentado e se o ato teria sido premeditado.
"É gravíssima a responsabilidade da juíza, do promotor e daqueles que manipularam o celular do acusado", escreveu nas redes sociais o advogado da vice-presidente, Gregorio Dalbón.
"Se for confirmada a informação de alguns jornalistas, iniciaremos outro processo contra todos os responsáveis por esse grande 'erro' judicial e/ou o possível acobertamento agravado", disse o responsável pela defesa de Cristina Kirchner.
Ontem, Dalbón anunciou que estudava a possibilidade de qualificar o atentado como uma tentativa de feminicídio e de ampliar a investigação para buscar cúmplices, o que seria possível com a análise dos aparelhos eletrônicos de Sabag Montiel.
O brasileiro - nascido em São Paulo, filho de uma argentina e um chileno -, rejeitou dar depoimento para a juíza federal María Eugenia Capuchetti e o promotor Carlos Rívolo, responsáveis pelo caso.
Sabag Montiel, além disso, se recusou a disponibilizar as senhas do aparelho celular que foi apreendido em operação de busca em sua casa, junto com munição e um notebook.
O brasileiro, de 35 anos, foi detido na última quinta-feira, após apontar a arma contra o rosto da ex-presidente e ter tentado disparar duas vezes, mas a bala não saiu da pistola. /EFE