O copiloto da companhia aérea Germanwings suspeito de ter derrubado um avião nos Alpes franceses propositalmente na semana passada chegou a ser tratado por tendências suicidas, disseram promotores federais alemães nesta segunda-feira.
“Vários anos atrás, antes de obter seu brevê, o copiloto passou por um longo período de tratamento psicoterapêutico com tendências suicidas perceptíveis”, informou o escritório da promotoria da cidade de Duesseldorf, onde o piloto Andreas Lubitz morava e que era o destino do voo que partiu de Barcelona.
O escritório, que citou “documentação médica relevante” como base de suas descobertas, acrescentou que, depois aquele período, Lubitz não mostrou quaisquer sinais de comportamento suicida ou tendências agressivas em relação a outros nas visitas aos médicos.
O Airbus da Germanwings caiu em uma região remota dos Alpes franceses na terça-feira passada, matando todas as 150 pessoas a bordo. Os investigadores acreditam que Lubitz, de 27 anos, trancou o piloto do lado de fora da cabine e levou o avião a se chocar com a encosta de uma montanha deliberadamente.
Os promotores declararam nesta segunda-feira que não encontraram qualquer indício de que Lubitz estava planejando um ataque assim, nem as razões para tê-lo cometido.
“Nenhuma circunstância em especial veio à tona, seja em sua vida pessoal ou no trabalho, que tenha criado uma teoria plausível sobre um possível motivo”, disse o comunicado dos promotores.
A porta-voz da Lufthansa, à qual pertence a Germanwings, declarou que os prontuários médicos estão sujeitos à confidencialidade entre médico e paciente e que por isso a empresa não tem conhecimento de seu conteúdo.
De acordo com a lei alemã, os empregadores não têm acesso aos prontuários médicos de seus empregados, e as licenças médicas que dispensam um funcionário do trabalho não trazem informações sobre suas condições de saúde.
Os investigadores afirmaram nesta segunda-feira que estão abrindo uma rota de acesso ao local do acidente para acelerar o inquérito.
O segundo gravador do avião, que contém dados do voo, ainda não foi recuperado.
Kay Kratky, membro do conselho da Lufthansa na Alemanha, declarou em um programa de entrevistas alemão no domingo à noite que, devido à força com que a aeronave atingiu a montanha, é possível que os sinalizadores do gravador tenham sido danificados e não estejam funcionando adequadamente.
“Tenho esperança de que iremos encontrar o gravador durante a busca física”, disse ele.
Separadamente, a polícia de Duesseldorf declarou que uma avaliação completa dos itens retirados das residências de Lubitz irá levar algum tempo.
(Por Michael Nienaber, Victoria Bryan e Caroline Copley)
((Tradução Redação São Paulo, 5511 56447759)) REUTERS ES