Polícia israelense reprime cidadãos árabes que expressam solidariedade a Gaza

20 out 2023 - 16h34

Quando a cantora e neurocientista palestina Dalal Abu Amneh apresentou uma queixa à polícia israelense sobre ameaças de morte que recebeu após uma postagem nas redes sociais, ela não esperava ser colocada na prisão.

Palestinos se reúnem no local dos ataques israelenses contra casas em Jabalia, norte da Faixa de Gaza
19/10/2023
REUTERS/Anas al-Shareef
Palestinos se reúnem no local dos ataques israelenses contra casas em Jabalia, norte da Faixa de Gaza 19/10/2023 REUTERS/Anas al-Shareef
Foto: Reuters

Abu Amneh é uma das dezenas de cidadãos árabes de Israel que foram presos desde o início da guerra entre Israel e Hamas por suspeita de incitação e apoio ao terrorismo com base em publicações nas redes sociais, disse a polícia. Advogados de direitos civis dizem que as autoridades israelenses estão interpretando qualquer expressão de solidariedade para com os palestinos em Gaza como incitação.

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Abu Amneh postou um emoji da bandeira palestina com as palavras "Não há vencedor senão Deus", uma frase muçulmana. A postagem já foi removida.

A polícia disse que Abu Amneh, que tem mais de 300 mil seguidores no Instagram, estava promovendo discurso de ódio e incitação, algo que ela nega.

Após dois dias de detenção, ela foi colocada em prisão domiciliar e proibida de discutir a guerra por 45 dias, disse sua defesa. Não está claro se ela será acusada.

Na terça-feira, o comissário da polícia de Israel, Kobi Shabtai, disse que haveria tolerância zero para incitação contra o Estado e seus símbolos após um ataque mortal do Hamas no sul de Israel, no qual 1.400 pessoas foram mortas e pelo menos 200 foram feitas reféns.

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"Quem quiser ser cidadão do Estado de Israel, ahlan wa sahlan ("bem-vindo" em árabe). Quem quiser se identificar com Gaza é bem-vindo, vou colocá-lo em um ônibus para lá", disse Shabtai em uma mensagem de vídeo. 

Desde o ataque do Hamas, em 7 de outubro, Israel bombardeou a densamente povoada Faixa de Gaza, matando mais de 4.000 palestinos, incluindo mais de 1.500 crianças, afirma o Ministério da Saúde de Gaza.

Os árabes em Israel - palestinos por herança e israelenses por cidadania - constituem cerca de 20% da população. Após a guerra de 1948 que cercou a sua criação, Israel colocou a minoria de palestinos que não fugiram ou não foram expulsos, sob regime militar por quase 20 anos.

O escrutínio do discurso em tempos de emergência e de guerra não é novo, disse a advogada Abeer Baker, que representa Abu Amneh. A diferença, dessa vez, é que o limite é menor.

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As autoridades israelenses estão interpretando qualquer simpatia pelo povo de Gaza como apoio ao terrorismo, disse a advogada. 

"Estamos sendo forçados a ficar em silêncio, porque ser palestino se tornou crime", disse Baker. "Antes éramos chamados de quinta coluna por tais declarações, mas pelo menos não éramos presos. Essa é a escalada."

Pelo menos 100 cidadãos árabes foram detidos, a maioria sob alegações de incitação e apoio ao terrorismo por meio de publicações nas redes sociais, disse o centro para os direitos das minorias árabes, Adalah, com sede em Haifa, citando dados da Procuradoria. 

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