O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, disse que a pandemia de Covid-19 mostra a necessidade de reformar a Organização Mundial da Saúde (OMS), alertando que os Estados Unidos pode não restaurar sua contribuição para a entidade e até trabalhar para criar uma alternativa à agência das Nações Unidas.
Enquanto Pompeo renovava seus ataques à OMS, democratas da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos acusavam o governo Trump de tentar fazer a OMS de "bode expiatório" para desviar a atenção do modo como está lidando com o surto de coronavírus.
Em uma carta ao presidente Donald Trump, eles pediram a reativação imediata do financiamento dos EUA, que Trump suspendeu na semana passada depois de acusar a agência de ser "chinacêntrica" e de divulgar "desinformação" chinesa sobre o surto.
Na noite de quarta-feira, Pompeo disse à rede Fox News que precisa haver um "reparo estrutural da OMS" para corrigir suas "limitações".
Indagado se estava exortando uma mudança da liderança da OMS, Pompeo respondeu: "Ainda mais do que isso, pode ser o caso de os Estados Unidos nunca poderem voltar a subscrever, a destinar dólares dos contribuintes dos EUA à OMS."
Em uma entrevista a um programa de rádio na quinta-feira, Pompeo foi indagado se vê um momento em que a OMS pode ser suplantada por outra organização. "Estudaremos exatamente este assunto", respondeu.
"Se a instituição trabalha e funciona, os Estados Unidos sempre liderarão e serão parte dela. Quando não estiver dando conta, quando na verdade estiver sendo incapaz de dar os resultados que são desejados, trabalharemos com parceiros de todo o mundo para oferecer uma estrutura, uma forma, um modelo de governança que realmente cumpram os objetivos visados".
A OMS negou as acusações do governo Trump, e a China insiste que é transparente e aberta.
Os EUA são os maiores doadores da OMS, tendo contribuído com mais de 400 milhões de dólares em 2019, cerca de 15% de seu orçamento. Na semana passada, autoridades norte-americanas de alto escalão disseram à Reuters que Washington pode redirecionar estes fundos para outros grupos de assistência.
Na quarta-feira, Pompeo disse que seu país "acredita fortemente" que Pequim não comunicou o surto de forma oportuna, uma violação das regras da OMS. O diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus, não usou sua capacidade "de ir a público" quando um Estado-membro desrespeitou estas regras, acrescentou o secretário.