Por que Ucrânia mudou data do Natal em 'afronta' à Rússia

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, transformou em lei um projeto de lei parlamentar que visava 'abandonar a herança russa de impor celebrações de Natal'

29 jul 2023 - 09h25
(atualizado às 09h31)
Muitos ucranianos, como essas pessoas em Kiev, comemoraram o último Natal em abrigos em meio a contínuos ataques russos
Muitos ucranianos, como essas pessoas em Kiev, comemoraram o último Natal em abrigos em meio a contínuos ataques russos
Foto: EPA-EFE/REX/SHUTTERSTOCK / BBC News Brasil

A Ucrânia mudou seu feriado oficial do Dia de Natal de 7 de janeiro para 25 de dezembro, em sua mais recente medida para se distanciar da Rússia.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, transformou em lei um projeto de lei parlamentar que visava "abandonar a herança russa de impor celebrações de Natal".

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Nos últimos anos, Kiev tem cortado laços religiosos, culturais e outros com a Rússia, alinhando-se com o Ocidente.

Esse processo se intensificou após a invasão pela Rússia em 2022.

Zelensky assinou o projeto de lei na sexta-feira (28/7), duas semanas depois de ter sido aprovado pelos parlamentares ucranianos.

A lei também transfere mais dois feriados estaduais: o Dia do Estado Ucraniano, de 28 para 15 de julho, e o Dia dos Defensores, que comemora os veteranos das Forças Armadas, de 14 de outubro para 1º de outubro.

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Moscou não fez comentários públicos sobre o assunto até a publicação desta reportagem.

Durante séculos, primeiro a Rússia imperial e depois a União Soviética dominada por Moscou tentaram — mas sempre falharam — controlar totalmente a Ucrânia.

Isso incluiu a imposição da autoridade da Igreja Ortodoxa Russa (ROC) sobre as igrejas da Ucrânia.

No entanto, em 2019, a recém-formada Igreja Ortodoxa da Ucrânia (OCU) obteve a independência do Patriarca Ecumênico Bartolomeu 1º , o líder espiritual dos cristãos ortodoxos em todo o mundo.

A medida provocou uma resposta furiosa na Igreja Ortodoxa Russa, que está defendendo abertamente a invasão da Ucrânia pelo presidente Vladimir Putin.

Até este ano, a Igreja Ortodoxa da Ucrânia (OCU),como várias outras igrejas ortodoxas, incluindo a Russa, comemorava o Natal em 7 de janeiro, de acordo com o calendário juliano.

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Mas a Igreja Ortodoxa da Ucrânia (OCU) mudou oficialmente para o calendário gregoriano, usado na maior parte do mundo.

Nos últimos anos, muitos fiéis ucranianos se juntaram à Igreja Ortodoxa da Ucrânia (OCU), e a maioria deles agora provavelmente celebra o Natal em 25 de dezembro.

Haverá também aqueles que celebram o Natal duas vezes.

Ao mesmo tempo, milhões ainda seguem a Igreja Ortodoxa Ucraniana (UOC), outro ramo estabelecido com paróquias em todo o país. A UOC não comentou os últimos desenvolvimentos.

Esse ramo declarou oficialmente uma separação de Moscou em 2022, mas vários de seus clérigos foram recentemente processados por atividades pró-Rússia.

A UOC diz que não há evidências para apoiar as acusações de colaboração.

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O Monumento à Pátria em Kiev, uma das estátuas mais altas do mundo, perderá seu emblema soviético, que será substituído pelo brasão de armas da Ucrânia, o Tridente
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

A decisão da Ucrânia de mudar o Natal é o mais recente passo do país para se distanciar de seu vizinho.

Cidades e vilas em toda a Ucrânia recentemente viram os nomes de suas ruas ligadas a figuras históricas russas e soviéticas serem alterados.

Na mesma série de medidas, vários monumentos foram derrubados e os filmes russos feitos depois de 2014 foram proibidos na Ucrânia.

Essas medidas vieram após a anexação ilegal da península ucraniana da Criméia, no sul da Ucrânia, pela Rússia, em março de 2014.

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