Pragmático, Olaf Scholz busca coalizão para suceder Merkel

Experiente político de 63 anos fez campanha baseada em confiança

27 set 2021 - 08h47
(atualizado às 09h02)

Pragmático, tediante, austero. Esses são alguns dos adjetivos que a mídia alemã dá a Olaf Scholz, o político que foi indicado pelo Partido Social-Democrata (SPD) para ser o próximo chanceler do país.

Scholz é visto como muito pragmático e sem carisma na Alemanha
Scholz é visto como muito pragmático e sem carisma na Alemanha
Foto: EPA / Ansa - Brasil

Aos 63 anos, o vice-chanceler e ministro das Finanças do último governo de Angela Merkel teve a capacidade de se apresentar como "herdeiro" da líder alemã - mesmo sendo de um partido concorrente, já que ela pertence a União Democrata-Cristã (CDU) e tinha Armin Laschet como seu "sucessor natural".

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Scholz se filiou ao SPD em 1975, com 17 anos, e já desempenhou diversos papéis de maior ou menor importância desde que foi eleito para a Bundestag, como é chamado o Parlamento alemão, em 1998.

Pouco tempo depois, em 2003, durante o governo do social-democrata Gerhardt Schröder, foi o encarregado de "vender" uma polêmica reforma no mercado de trabalho alemão. À época, ele era o secretário-geral da sigla e ganhou notoriedade no país (de maneira positiva e negativa).

No mesmo ano, o jornal "Die Zeit" lhe deu um apelido que o acompanha até hoje: "Scholzmat", uma mistura de seu nome com a palavra "automat", que significa uma "máquina automática".

Cumpridor das metas dadas a ele, isso pode ter influenciado muitos eleitores neste ano a apostar em alguém que lhes passa confiança ao invés de ter um líder carismático e inovador - especialmente após um governo de sucesso como o de Merkel.

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Essa postura mais centrista foi, inclusive, rechaçada dentro do próprio partido no ano passado, quando Scholz perdeu a disputa pela liderança do SPD. Sua nomeação com indicado a chanceler foi bastante surpreendente, já que seu perfil foi ficando cada vez mais parecido com os conservadores do que com a esquerda em si, que buscava uma renovação após ter péssimos resultados nas eleições de 2017.

Durante a pandemia de Covid-19, a experiência em lidar com temas econômicos espinhosos foi um dos pontos que o fez ser bem avaliado como ministro das Finanças, pasta responsável na aplicação e uso de bilhões de euros para combater a crise sanitária e econômica provocada pelo coronavírus Sars-CoV-2. Ele assumiu a função em 2018.

E sua gestão é elogiada, apesar de ter conseguido passar ileso por uma investigação sobre as ações do Ministério das Finanças: novamente, Scholz conseguiu ser pragmático a ponto de desvencilhar seu nome dos possíveis problemas.

Agora, o experiente político terá mais uma missão complicada a frente: como o SPD não conseguiu a maioria do Parlamento, ele precisará negociar com outros partidos para ter um governo estável.

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Em seu primeiro discurso, o pragmatismo inclusive já apareceu, com a abertura para uma aliança política com o Partido Liberal Democrático (FDP), de direita. Já a proposta para Os Verdes já era esperada qualquer que fosse o vencedor.

A princípio, a parceria com a CDU, que ocorre desde 2013, não deve ser reeditada, mas tudo depende de como as negociações - que podem se arrastar por meses - vão se desenvolver. Pela estabilidade, Scholz não costuma descartar nenhuma opção. .

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