A atriz transexual chilena Daniela Vega, ganhadora do Oscar no último domingo (4) com o melhor filme estrangeiro "Uma Mulher Fantástica", não poderá receber o prêmio de sua cidade natal.
O prefeito de Nunoa, Andres Zarhi , explicou que não poderia entregar o título porque nos documentos pessoais de Vega consta o seu nome de batismo, no caso masculino.
"A quem estaremos entregando o prêmio? Se temos a identidade de um homem, não podemos entregá-lo a uma mulher", declarou Zarhi, na última terça-feira (7), no dia em que estava marcada a cerimônia de entrega para a atriz.
Vega foi recebida pela presidente do Chile, Michelle Bachelet, e durante o encontro a atriz criticou a lesgislação do país, que não permite a mudança do nome no documento.
"Na minha identidade tem um nome que não é o meu, porque o país onde nasci não me dá a possibilidade. O tempo vai passando e estamos esperando", afirmou Vega em conversa com Bachelet.
A presidente enviou ao Congresso chileno um projeto de lei para identidade de gênero, em 2013, permitindo a mudança do nome no documento. Porém está no aguardo da aprovação do Senado.
Depois do encontro com a atriz, Bachelet entrou com um pedido de urgência para que a medida fosse aprovada, já que no próximo domingo (11) ela passa o governo para seu opositor Sebastian Piñera.
No filme "Uma Mulher Fantástica", a atriz chilena interpretou Marina, uma personagem que precisou encarar a conservadora sociedade chilena. Vega foi a primeira transexual a participar da apresentação do Oscar.Com 28 anos, ela assumiu que era trans ainda na sua adolescência.
O Conselho Municipal de Nunoa preparou a cerimônia de entrega do prêmio na segunda-feira (7), logo após o evento, com isso criou expectativas entre todos os moradores, segundo informou a imprensa chilena.
Mas no dia seguinte, Zarhi decidiu voltar atrás de sua decisão. Para compensar o ocorrido, foi criado o "Premio Comunal a las Artes".