O primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, endureceu o discurso sobre a crise migratória e humanitária no Mediterrâneo e afirmou que não vai tolerar que pessoas entrem no país "de modo irregular".
Conte, que governou em coalizão com a extrema direita de junho de 2018 a agosto de 2019 e hoje é aliado à centro-esquerda, abordou o assunto durante uma visita a Cerignola, no sul da Itália, nesta segunda-feira (3).
"Não podemos tolerar que se entre na Itália de modo irregular e não podemos permitir que os sacrifícios [feitos durante a pandemia] sejam em vão", declarou Conte, prometendo "intensificar as repatriações".
"Não se entra na Itália deste modo e, sobretudo neste momento, não podemos permitir que a comunidade seja exposta a novos perigos incontroláveis. Há migrantes que tentam escapar da vigilância sanitária, mas não podemos permitir. Devemos ser duros e inflexíveis", acrescentou o primeiro-ministro.
A Itália tem visto uma intensificação do fluxo migratório no Mediterrâneo Central, especialmente a partir da Tunísia, que fica a 100 quilômetros em linha reta da ilha de Lampedusa, principal porta de entrada para deslocados internacionais no país europeu.
Segundo o governo, foram 14.438 migrantes acolhidos desde o início do ano, aumento de 268% na comparação com o mesmo período de 2019. O recrudescimento tem provocado superlotação em abrigos na Itália, com constantes tentativas de furar o isolamento imposto a quem chega no país.
A mais recente ocorreu nesta segunda-feira (3), em Porto Empedocle, onde cerca de 50 tunisianos pularam a cerca para escapar da tenda onde estão abrigados. Algumas das fugas ocorreram após boatos sobre repatriações para os países de origem dos migrantes.