O primeiro-ministro do Líbano, Saad Hariri, anunciou nesta segunda-feira (21) um plano de reformas econômicas para tentar acalmar as milhares de pessoas que tomaram as ruas do país para pedir sua renúncia e se disse disposto a apoiar eleições antecipadas.
Após uma reunião de emergência com seu gabinete, Hariri afirmou que o governo aprovou para 2020 um orçamento sem novos impostos e com déficit de 0,6% do PIB para financiar políticas sociais, como subsídios para famílias pobres e US$ 160 milhões em financiamento habitacional.
Além disso, o primeiro-ministro prometeu cortar pela metade os salários de parlamentares e membros do governo e anunciou que o Banco Central e o setor bancário ajudarão com US$ 3,4 bilhões para reduzir o déficit. O Líbano tem uma das dívidas públicas mais altas do mundo, estimada em cerca de 150% do PIB.
Hariri também disse que está disposto a apoiar eleições antecipadas no país, uma das exigências dos manifestantes. Apesar disso, não falou sobre a hipótese de renunciar. "Não peço que os manifestantes parem os protestos. E se eles querem eleições legislativas antecipadas, eu serei a favor", prometeu.
Os protestos paralisaram o país desde o fim da semana passada e tiveram como estopim uma proposta do governo para taxar o uso do aplicativo de mensagens WhatsApp. Os manifestantes, no entanto, também levaram às ruas sua insatisfação com o custo de vida, o desemprego, a dívida pública, a corrupção e a incapacidade da classe política de resolver os problemas da população.
Hariri governou o Líbano entre 2009 e 2011 e exerce seu atual mandato desde 2016, tendo sido reconduzido ao cargo em janeiro passado. Sunita e líder do Movimento Futuro, ele comanda um gabinete de 30 ministros composto por todos os partidos.