O presidente do Equador, Daniel Noboa, disse nesta quarta-feira, 10, que seu país está "em guerra" com gangues de traficantes, que mantêm mais de 130 guardas penitenciários e outros funcionários como reféns e na véspera tomaram o controle de uma estação de TV ao vivo, além de provocarem explosões em uma onda de violência que deixou as ruas das cidades desertas.
Na terça-feira, 9, Noboa classificou 22 gangues como organizações terroristas, tornando-as alvos militares oficiais. O presidente assumiu o poder em novembro sob a promessa de resolver o crescente problema de segurança pública causado pela expansão de gangues de tráfico de droga que usam o Equador como rota para cocaína.
"Estamos em guerra e não podemos ceder diante desses grupos terroristas", disse Noboa à estação de rádio Canela Radio.
A tomada de reféns, que começou nas primeiras horas de segunda-feira, e a aparente fuga do líder da gangue Los Choneros, Adolfo Macias, da prisão durante o fim de semana levaram Noboa a declarar um estado de emergência de 60 dias.
Ele endureceu o decreto na terça-feira, após uma série de explosões em todo o país e uma traumática invasão por homens armados a uma emissora de televisão durante transmissão ao vivo de programa.
O governo afirmou que a violência é uma reação ao plano de Noboa de construir novas prisões de alta segurança para líderes de gangues.
"Estamos fazendo todos os esforços para recuperar todos os reféns", disse Noboa, acrescentando que as Forças Armadas assumiram o resgate.
"Estamos fazendo todo o possível e o impossível para que os tenhamos sãos e salvos."
O presidente afirmou que nesta semana o país vai começar a deportar prisioneiros estrangeiros, especialmente colombianos, na intenção de reduzir a população carcerária e os gastos.
Há cerca de 1.500 colombianos na prisão no Equador, disse Noboa à estação de rádio, acrescentando que prisioneiros da Colômbia, Peru e Venezuela representam 90% dos detentos estrangeiros.
Assim como muitos países latino-americanos, a Colômbia expressou apoio ao governo do Equador e disse nesta quarta-feira que aumentaria sua presença militar e o controle ao longo da fronteira de quase 600 quilômetros que os dois países dividem.
O Ministério das Relações Exteriores da Colômbia não respondeu de imediato a pedidos de comentários sobre os planos de deportação do presidente equatoriano.
Noboa também dobrou a aposta em seus planos de separar líderes de gangues da população carcerária geral, aumentar a segurança nos portos e combater a corrupção, entre outras medidas.