O presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, pode reformular boa parte dos ministérios nos próximos dias, depois de sua polêmica decisão de conceder um perdão ao ex-ditador Alberto Fujimori, anunciou a primeira-ministra do país nesta quarta-feira (27).
Segundo a premier, Mercedes Araóz, Kuczynski pediu que ela permaneça à frente do gabinete e busque maneiras de fortalecê-lo. "O presidente me pediu para realizar uma análise abrangente, e veremos o que acontece nos próximos dias", disse ela em uma coletiva de imprensa.
Nas últimas semanas, a situação política do país foi mergulhada em uma crise depois que o Congresso dominado pela oposição de direita tentou destituir Kuczynski, de centro-direita, em reação a um escândalo de corrupção envolvendo a construtora brasileira Odebrecht.
No entanto, o chefe de Estado peruano foi salvo em uma votação pelos parlamentares fiéis a Fujimori. Dois dias depois, ele anunciou o perdão ao ex-presidente. A decisão provocou diversos protestos e renúncias de políticos. Ontem (27), o ministro da Cultura peruano, Salvador del Solar, anunciou sua renuncia, depois das manifestações pelo indulto concedido por Kuczynski ao ex-presidente Fujimori. O líder peruano é acusado de ter concedido perdão ao antecessor como parte de um acordo para evitar que seu impeachment fosse aprovado pelo Congresso.
O diretor-geral de Direitos Humanos do Ministério da Justiça, Roger Rodríguez, o secretário técnico da Comissão Multisetorial de Alto Nível sobre Paz, Reparação e Reconciliação (CMAN), Daniel Sánchez, assim como a responsável pelo Programa de Reparações Simbólicas dessa comissão, Katherine Valenzuela, o assessor presidencial ad honorem, Máximo San Román, e o presidente-executivo do Instituto Nacional de Rádio e Televisão, Hugo Coya, também renunciaram após a medida.
Além disso, os parlamentares Alberto de Belaúnde e Vicente Zeballos deixaram a bancada governista no Congresso em protesto contra o indulto. Após o perdão, Fujimori foi levado para um hospital de Lima, para ser tratado de um problema grave de pressão e problemas cardíacos, de acordo com seu médico. Ele é rejeitado por boa parte da população por considerá-lo um ditador corrupto.