O presidente eleito da Argentina, Alberto Fernández, criticou nesta terça-feira a postura dos Estados Unidos em relação ao conflito político na Bolívia, que levou o líder de esquerda Evo Morales a renunciar sob pressão e pedir asilo no México.
Fernández, um peronista de centro-esquerda, também atacou a Organização dos Estados Americanos (OEA), que disse em uma auditoria sobre a votação de 20 de outubro, vencida por Morales, que o resultado deveria ser anulado devido a "irregularidades".
"Na minha opinião, os Estados Unidos regrediram décadas. Eles voltaram aos maus tempos dos anos 70", disse Fernández a uma rádio local, acrescentando que o país está "garantindo intervenções militares contra governos populares eleitos democraticamente".
Na segunda-feira, o presidente dos EUA, Donald Trump, saudou a saída de Morales como algo bom para a democracia, uma visão que se chocou com a de líderes de esquerda da região - inclusive a de Fernández, que apoiou Morales e disse que ele foi vítima de um golpe.
Morales, que foi o primeiro presidente indígena da Bolívia, insistiu em pleitear um quarto mandato, afrontando os limites de mandato e um referendo de 2016 no qual os bolivianos votaram contra tal possibilidade.
Ele anunciou sua renúncia no domingo, depois de semanas de protestos contra a eleição de outubro, e o relatório da OEA deu ensejo a um dia dramático em que aliados desertaram e os militares o pressionaram a sair para ajudar a restaurar a calma.
Fernández assume o comando da terceira maior economia da América Latina em dezembro no lugar do conservador pró-mercado Mauricio Macri, que teve um relacionamento próximo com Washington e Trump.
Fernández ainda disse à Rádio 10 que a auditoria da OEA foi "fraca" e que seus resultados foram manipulados.