ABU DHABI - Milhões de católicos e milhares de muçulmanos compareceram nesta terça-feira (5) a uma missa pública inédita do papa Francisco na Península Arábica. Ele é o primeiro pontífice a visitar a região.
Mais de 170 mil fiéis lotaram o estádio da Cidade Esportiva de Zayed e seus arredores em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos, para ver o papa, que viajou ao país do Golfo Pérsico para promover o diálogo inter-religioso.
Os Emirados abrigam cerca de metade dos dois milhões de católicos expatriados que vivem na península, que inclui a Arábia Saudita, o berço do islamismo. A comunidade inclui grandes contingentes das Filipinas e da Índia."Certamente não é fácil para vocês viverem longe de casa, sentindo falta da afeição de seus entes queridos, e talvez também sentindo incerteza sobre o futuro", disse o pontífice, que pediu aos presentes para se inspirarem em Santo Antônio Abade, fundador do monacato no deserto.
"O Senhor se especializa em fazer coisas novas: ele pode até abrir caminhos no deserto", afirmou ele ao final de uma viagem durante a qual se encontrou com o grande imã da mesquita de Al-Azhar, no Egito, e com líderes dos Emirados.
Francisco entrou no estádio em um jipe branco sem teto e foi saudado com entusiasmo pela multidão. Pessoas usando bonés de beisebol brancos com o logotipo da visita lotavam as arquibancadas e tiravam fotos com seus smartphones. Milhares saudavam e acenavam com bandeiras do Vaticano enfileiradas na entrada do estádio, tendo a Grande Mesquita do Xeque Zayed e os arranha-céus de Abu Dhabi como pano de fundo.
"Para mim, como cristão, este é um dos dias mais importantes da minha vida", disse Thomas Tijo, de 44 anos, que é natural de Kerala, Estado do sul indiano. Ele mora nos Emirados e viajou de ônibus de madrugada para ir ao estádio."Estamos longe de casa e isso é como um cobertor aconchegante", disse ele segurando o filho de três anos, Marcus.
O papa, que chegou no domingo a convite do príncipe herdeiro de Abu Dabi, aproveitou a visita para repudiar guerras regionais, inclusive a do Iêmen, o país mais pobre da península, onde os Emirados estão envolvidos com uma coalizão militar de liderança saudita. Ele também pediu mais cooperação entre católicos e muçulmanos. / Reuters
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