Prisioneiro do Missouri enfrenta execução nesta terça-feira apesar de objeção da promotoria

24 set 2024 - 16h42

Um prisioneiro do Missouri deve ser executado nesta terça-feira a menos que a Suprema Corte dos Estados Unidos intervenha no último minuto, mesmo com a promotoria -- que garantiu a condenação 21 anos atrás -- expressando dúvidas sobre a integridade do caso.

Marcellus Williams, de 55 anos, tem marcada sua execução por injeção letal às 18h (horário local) em uma prisão na cidade de Bonne Terre, um dia após tanto o governador do Missouri, Mike Parson, quanto a mais alta corte do estado rejeitarem suas últimas tentativas de evitar a execução.

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Williams foi declarado culpado em 2003 pelo assassinato de Felicia "Lisha" Gayle, uma ex repórter esfaqueada até a morte em sua casa, embora ele tenha garantido ser inocente.

O promotor do condado de St. Louis, Wesley Bell, da mesma promotoria responsável pela acusação original, tentou bloquear a execução devido a dúvidas sobre o julgamento.

"Mesmo para aqueles que discordam sobre a pena de morte, quando há uma sombra de dúvida sobre a culpa de um réu, a punição irreversível da execução não deveria ser uma opção", disse Bell em um comunicado.

Nos documentos judiciais, Bell questionou a confiabilidade das duas principais testemunhas do julgamento, concluiu que os promotores excluíram inadequadamente jurados negros por conta de sua raça e ressaltou que novos testes não encontraram vestígios do DNA de Williams na arma do crime.

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Testes subsequentes revelaram na faca DNA de um promotor e de um investigador que trabalharam no caso e manusearam a arma sem luvas.

A contaminação da faca levou os promotores e os advogados de Williams a buscarem a um acordo em agosto, no qual ele não contestaria o veredito e, em troca, receberia uma sentença de prisão perpétua.

Mas o procurador-geral do Missouri, Andrew Bailey, se opôs ao acordo, e a Suprema Corte do Estado o bloqueou. Um juiz estadual manteve a condenação no início deste mês, concluindo que a falta de evidências na faca não era suficiente para estabelecer sua inocência.

A Suprema Corte do Missouri confirmou a decisão na segunda-feira. O governador Parson, um republicano, também rejeitou o pedido de clemência de Williams na segunda-feira.

"Nenhum júri ou tribunal, incluindo o julgamento, a apelação ou a Suprema Corte, jamais encontrou mérito nas alegações de inocência do Sr. Williams" , disse em um comunicado.

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"No final das contas, seu veredicto de culpado e a sentença de pena capital foram mantidos."

A advogada de Williams, Tricia Rojo Bushnell, do Midwest Innocence Project, disse em um comunicado que a família de Gayle se opõe à execução de Williams.

"O Missouri está prestes a executar um homem inocente, uma decisão que coloca em xeque a legitimidade de todo o sistema de justiça criminal",  disse.

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