Por Sonia Elks
LONDRES (Thomson Reuters Foundation) - Grandes marcas que foram às redes sociais para denunciar as desigualdades raciais foram desafiadas a transformar palavras em ações para lidar com uma falta de lideranças negras em muitas empresas e disparidades salariais raciais enraizadas nos Estados Unidos.
Enquanto protestos contra a morte de George Floyd, um homem negro desarmado, nas mãos da polícia varrem a nação e desencadeiam debates mais amplos, dezenas de grandes empresas compartilham postagens repudiando o racismo e pedindo mudanças em toda a sociedade.
Ativistas, céticos com o que temem ser clichês vazios, pediram a líderes empresariais que abram as carteiras e enfrentem a exclusão econômica.
"A leva recente de postagens antirracismo conscientiza, entretanto, nesta conjuntura, precisamos de ação", disse Marc Banks, porta-voz do grupo de direitos civis Associação Nacional pelo Avanço das Pessoas de Cor (NAACP).
"As postagens são só exibicionistas, vazias ou ocas se é aí que o ativismo de um indivíduo termina... ao exigir justiça e igualdade para comunidades não-branca, especificamente comunidades negras, as marcas podem ajudar a criar um mundo e uma cultura melhores."
Como as redes sociais foram tomadas por hashtags para o movimento Black Lives Matter e a campanha #BlackoutTuesday em apoio aos protestos, companhias destacadas, que vão de gigantes do entretenimento a negócios de cosmética e esportes, compartilharam postagens pedindo igualdade racial.
Pode ser uma manobra de relações públicas esperta --marcas que se pronunciam a favor do Black Lives Matter ou doam para causas de justiça social são vistas de forma mais favorável pelos consumidores, mostrou uma pesquisa da empresa norte-americana de dados e análise Morning Consult.
Mas muitos temem que as empresas estejam aproveitando o momento para ganhar influência sem se comprometerem a fomentar a igualdade em seus próprios negócios.
"Obrigado por seu gráfico Black Lives Matter. Posso ver uma foto de sua equipe de liderança executiva e do conselho da empresa?", tuitou a empresária californiana Brandi Riley em uma postagem que viralizou ao reagir à tendência.
Embora os comunicados de muitas empresas sejam "bastante superficiais", o fato de que estão denunciando o racismo por si só é algo para se comemorar, opinou Arwa Mahdawi, uma estrategista de marcas radicada em Nova York que também escreve sobre questões judiciais.
"Entretanto, simplesmente emitir um comunicado e voltar ao dia-a-dia não é bom o suficiente", disse.