O presidente russo, Vladimir Putin, evocou a memória do heroísmo soviético na Segunda Guerra Mundial para inspirar seu Exército que luta na Ucrânia, mas não ofereceu um novo roteiro para a vitória e reconheceu a perda de soldados russos.
Dirigindo-se a uma multidão de militares na Praça Vermelha no 77º aniversário da vitória sobre a Alemanha nazista, Putin condenou o que chamou de ameaças externas para enfraquecer e dividir a Rússia, e repetiu argumentos que ele usou para justificar a invasão russa da Ucrânia em 24 de fevereiro --que a aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) estava criando ameaças bem perto de suas fronteiras.
Ele falou diretamente aos soldados que lutam na região de Donbas, no leste da Ucrânia, que a Rússia prometeu "libertar" do controle de Kiev.
"Vocês estão lutando pela Pátria, por seu futuro, para que ninguém esqueça as lições da Segunda Guerra Mundial. Para que não haja lugar no mundo para carrascos, castigadores e nazistas", disse ele.
Seu discurso incluiu um minuto de silêncio. "A morte de cada um de nossos soldados e oficiais é nossa dor compartilhada e uma perda irreparável para seus amigos e parentes", afirmou Putin, prometendo que o Estado cuidará de seus filhos e famílias.
Ele se dirigiu à Rússia em um de seus feriados anuais mais importantes, quando a nação homenageia os 27 milhões de cidadãos soviéticos que perderam a vida na luta para derrotar Adolf Hitler --uma fonte de orgulho e identidade nacional.
SEM NOVA VITÓRIA
Mas Putin não tinha vitória para anunciar na Ucrânia e seu discurso de 11 minutos, no 75º dia da invasão, foi amplamente notável pelo que ele não disse.
Ele não mencionou a Ucrânia pelo nome, não fez nenhuma avaliação do progresso na guerra e não deu nenhuma indicação de quanto tempo poderia continuar. Não houve referência à sangrenta batalha de Mariupol, onde os defensores ucranianos escondidos nas ruínas da siderúrgica de Azovstal ainda desafiavam o ataque da Rússia.
Putin repetidamente comparou a guerra --que ele descreve como uma batalha contra perigosos nacionalistas inspirados em "nazistas" na Ucrânia-- ao desafio que a União Soviética enfrentou quando Hitler a invadiu em 1941.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, disse que é a Rússia que está executando uma "reencenação sangrenta do nazismo" na Ucrânia em uma guerra de agressão não provocada.
O discurso de Putin foi seguido por um desfile pela vasta praça com os mais recentes tanques Armata e T-90M Proryv da Rússia, sistemas de foguetes de lançamento múltiplo e mísseis balísticos intercontinentais. Um sobrevoo planejado foi cancelado por causa de condições nubladas.