O presidente da Rússia, Vladimir Putin, ordenou nesta sexta-feira uma reação recíproca a um teste de míssil recente dos Estados Unidos, que ele disse ter mostrado que Washington almeja instalar mísseis antes proibidos em todo o mundo.
Na segunda-feira, o Pentágono disse que testou um míssil de cruzeiro de configuração convencional que atingiu seu alvo depois de um voo de mais de 500 quilômetros, seu primeiro teste do tipo desde o fim de um pacto nuclear histórico neste mês.
Washington se retirou formalmente do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF) dos tempos da Guerra Fria em 2 de agosto após acusar Moscou de violá-lo, uma alegação rejeitada pelo Kremlin.
O pacto vetava mísseis terrestres com alcance entre 500 e 5.500 quilômetros, reduzindo a capacidade dos dois países de lançar um ataque nuclear sem aviso prévio.
Putin disse ao seu Conselho de Segurança nesta sexta-feira que a Rússia não pode cruzar os braços e que as conversas dos EUA sobre instalação de novos mísseis na região Ásia-Pacífico "afetam nossos interesses centrais, já que é próxima das fronteiras da Rússia".
O secretário de Defesa dos EUA, Mark Esper, disse neste mês que concorda com o posicionamento de mísseis terrestres de alcance intermediário na Ásia relativamente em breve, e nesta semana Putin se queixou de que agora os EUA estão em condição de instalar seu novo míssil terrestre na Romênia e na Polônia.
"Tudo isso não deixa dúvida de que a verdadeira intenção dos Estados Unidos (ao sair do INF) era... desatar as mãos para instalar mísseis antes proibidos em regiões de todo o mundo", afirmou Putin.
"Nunca quisemos, não queremos e não seremos arrastados a uma corrida armamentista cara e economicamente destruidora. Dito isso, à luz das circunstâncias em curso, estou ordenando ao Ministério da Defesa, ao Ministério das Relações Exteriores e a outras agências apropriadas que analisem a ameaça representada pelas ações dos EUA ao nosso país e adotem medidas abrangentes para preparar uma reação recíproca."
Apesar da ordem, Putin disse que seu país continua aberto a conversas com Washington visando restaurar a confiança e fortalecer a segurança internacional.
Os EUA disseram não ter planos iminentes de instalar novos mísseis terrestres na Europa.