Ele é parte da elite mas ainda é visto como um "outsider". Ele tem bilhões de dólares, é dono de imóveis por toda Nova York e financiou a própria campanha, mas ainda assim é popular entre os trabalhadores de baixa renda.
Muitos americanos veem Donald Trump como um sopro de ar fresco; outros, como uma perigosa ameaça à segurança global.
Mas como um jovem vindo dos subúrbios de Nova Iorque se transforma em um magnata do ramo imobiliário e o candidato republicano à Casa Branca?
Confira alguns dos pontos marcantes da trajetória de Trump - da infância à corrida presidencial americana.
No domingo, a BBC Brasil vai publicar também um perfil completo da candidata democrata, Hillary Clinton.
14 de junho de 1946 - Mercado imobiliário na veia
Trump nasceu em uma casa no Queens, no pico do chamado "baby boom" do pós-guerra.
O mercado imobiliário estava no seu sangue. Seu pai, Fred Trump, era um corretor que cresceu no negócio e chegou a ter duas limusines com motoristas.
Sua mãe, Mary, era uma imigrante escocesa cujo pai era pescador.
As regras na casa da família eram rígidas - palavrões, por exemplo, eram proibidos.
Apesar de serem ricos, os filhos do casal tinham de arrumar o próprio dinheiro, com trabalhos temporários nas férias, por exemplo.
Donald era uma criança rebelde. Na escola, ele chegou a dar um soco em um professor "porque achava que ele não sabia nada sobre música".
1959 - Trump adolescente
Quando seu pai descobriu uma faca estilo canivete no quarto de seu filho de 13 anos, decidiu enviar Donald ao colégio militar para dar-lhe retidão.
A New York Military Academy era um internato rígido, com muita ênfase em disciplina e forma física.
Donald se destacou como capitão do time de beisebol e ganhou uma medalha por sua "ordem e limpeza", mas acabou não fazendo muitos amigos.
Ele se formou em 1964 e, já atraído pelos holofotes, flertou com a ideia de ir para a faculdade de cinema.
Mas, em vez disso, foi para a Universidade Fordham e, depois de dois anos, transferiu sua matrícula para a Wharton Business School, na Universidade de Pennsylvania.
1971 - Enriquecendo em Manhattan
Três anos após se formar, Donald se mudou para um apartamento em Manhattan, na região do Upper East Side.
Para um garoto do subúrbio, mais especificamente do Queen, ele era um 'outsider', uma pessoa de fora da região, mas sua audácia impressionou muitos empreendedores locais.
Em um negócio complicado que envolveu um empréstimo de seu pai, ele comprou o decadente Hotel Commodore por US$ 70 milhões - e reformou o prédio.
Trump relançou o local como um Grand Hyatt em 1980. E foi um grande sucesso para ele, que ficou com 50% do lucro do hotel, que só aumentava. Trump, o magnata, havia chegado.
1982 - Trump Tower
Uma das construções icônicas de Nova York, a Trump Tower foi erguida juntamente com muita polêmica.
Um delas girou em torno dos pedreiros, que seriam poloneses sem documentação. Na época, o jornal New York Times também acusou Trump de ter demolido peças históricas em estilo art déco que estavam no local.
Mas nada disso atrapalhou a construção do prédio de 28 andares, onde até hoje Trump mora e trabalha. O prédio, literalmente, cimentou o nome de Trump em Manhattan.
1987 - A arte da negociação
O primeiro livro de Trump, A Arte da Negociação (The Art of the Deal, do original em inglês), foi publicado em 1987, como a proposta de compartilhar com os leitores os segredos de seu sucesso.
O livro ficou 48 semanas na lista de mais vendidos do New York Times e espalhou a fama do hoje candidato para além das fronteiras de Nova York como um autêntico "self-made man" - um homem que se fez sozinho.
Os lucros das Organizações Trump foram nas alturas, com investimentos nos anos seguintes em companhias aéreas, mercado imobiliário e tanto dinheiro que lhe permitiu comprar seu próprio iate, o Trump Princess.
1990 - Divórcio e falência
A década de 90 começou com um divórcio custoso para Trump, após sua então esposa Ivana descobrir que o marido a traía.
A recessão daquela época também minou o mercado imobiliário e os negócios de Trump começaram a ruir - um deles, o Taj Mahal em Atlantic City pediu falência. O mesmo aconteceu em 1992 com o Trump Plaza, derrubando sua reputação de gênio dos negócios.
1997 - Miss Universo
Apesar dos problemas no início da década, Trump tomou medidas drásticas para voltar a equilibrar suas contas. Vendeu seu iate e sua companhia aérea e, num movimento inesperado, comprou a franquia do Miss Universo.
Ele conseguiu inclusive lucrar com seus problemas financeiros ao lançar seu segundo livro, The Art of the Comeback (A Arte do Retorno, em tradução livre).
1999 - A morte do pai de Trump e primeira tentativa para Casa Branca
Fred Trump morreu aos 93 anos, deixando uma herança de mais de US$ 250 milhões. Seu funeral foi acompanhado por 650 pessoas.
Neste mesmo ano, Trump fez sua primeira tentativa de entrar na Casa Branca. Em sua campanha para ser candidato pelo Partido Reformista, ele disse que gostaria de ter Oprah Winfrey como vice.
Suas propostas incluíam um imposto de 14,25% sobre os super ricos para reduzir o déficit federal, banir a discriminação contra homossexuais e criar um sistema de saúde universal. Mas ele desistiu da empreitada por conta disputas internas no partido, que classificou como "uma bagunça total".
2004 - O Aprendiz
No programa apresentado pelo republicano, os participantes disputavam uma série de provas com o objetivo final de trabalhar na Trump Organization.
O capítulo final da primeira temporada foi o programa mais visto na televisão americana aquele ano, depois apenas do Superbowl.
2015 - Disputa republicana
Em uma entrevista coletiva na Trump Tower, Donald desceu as escadas rolantes ao lado da atual esposa, Melania, e anunciou que iria entrar na corrida para ser o candidato republicano à Casa Branca.
Ele também revelou que ia financiar a própria campanha e fez algumas declarações polêmicas: disse, por exemplo, que imigrantes mexicanos eram estupradores e traficantes e refutou o chamado Obamacare - projeto de política pública defendido pelo atual presidente, Barack Obama. Após esse discurso, algumas empresas, como a Macy's e a Univision, se distanciaram da campanha.
Mesmo assim, Trump continuou dando declarações controvérsias ao longo da disputa e chegou a defender o veto total da entrada de muçulmanos nos Estados Unidos - mais uma bomba no cenário político do país.
2016 - Divisão republicana
A tentativa ousada de Trump de se tornar o candidato republicano dividiu o partido.
Sarah Palin, por exemplo, que concorreu como vice em 2008, o apoiou com empolgação - o maior rival de Trump era Ted Cruz. Mas nem todos estavam satisfeitos. Mitt Romney, o candidato republicano nas eleições de 2012, criticou Trump duramente em um discurso.
Em julho, foi anunciado que Trump havia batido 16 outros concorrentes e seria nomeado o candidato do partido Republicano.
Durante seu discurso, ele foi saudado por uma multidão que gritava "Hillary na prisão" e carregava placas com dizeres favoráveis à promessa de Trump de se construir um muro na fronteira com o México.
Novembro de 2016- Presidente eleito?
Nesta terça-feira, milhões de americanos vão escolher entre Hillary Clinton e Donald Trump para presidir o país.
Ambas as campanhas vêm sendo marcadas por polêmicas. Trump pode ter ganhado inimigos no Partido Republicano, mas recebeu 13 milhões de votos nas primárias - são muitos americanos que querem ver o magnata no poder.
Muitos se recusam a votar em Hillary por princípio, mas ela tem o apoio de líderes internacionais e, se eleita, seria a primeira mulher a comandar o país.
Será que o menino do Queens conseguirá fechar mais um negócio imobiliário e ganhar a Casa Branca?