Quem é a primeira-dama da Coreia do Norte? No caso do país liderado por Kim Jong-un essa não é uma pergunta fácil de responder.
A coreana de cabelos longos Ri Sol-ju começou a aparecer ao lado de Jong-un no verão de 2012. Diante das especulações, os veículos de comunicação norte-coreanos confirmaram que ela era a mulher de Kim Jong-un.
Ainda assim, sabe-se pouco sobre Ri Sol-ju.
Há quem diga que ela teria sido uma cantora. Outros dizem que ela foi líder de torcida de uma seleção norte-coreana e que isso a permitiu viajar ao exterior.
De acordo com Sierra Madden, colaboradora da North Korea Leadership Watch, uma página na internet especializada na cúpula de poder norte-coreana, a mulher de Kim Jong-un teria sido as duas coisas.
"Eles se casaram em 2009, 2010, e, antes disso, era uma cantora e uma líder de torcida. Viajava pelo Japão e Coreia do Sul", disse a especialista à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC Brasil.
No entanto, o passado de Ri Sol-ju não foi confirmado. E, assim como acontece com Kim Jong-un, não se sabe nem mesmo a idade da primeira-dama norte-coreana.
Acredita-se que ela ainda não tenha completado 30 anos. Já em relação ao líder norte-coreano, estima-se que ele tenha nascido em 1983 ou 1984.
Nas poucas imagens divulgadas da primeira-dama, ela aparece sempre sorridente e elegante, o que gerou comparações com Michelle Obama.
"Ela tem uma posição parecida com a da ex-primeira dama dos EUA porque promove temas importantes para mulheres e crianças", afirma Sierra Madden.
Ri Sol-ju apareceu ao lado do líder norte-coreano em shows, na celebração de um lançamento de um míssil e, mais recentemente, numa visita a uma fábrica de cosméticos, realizada em outubro.
Nos últimos anos, diferentes países interromperam as exportações de bens de luxo à Coreia do Norte como parte das sanções em resposta ao avanço do programa nuclear do país. Isso fez com que os norte-coreanos desenvolvessem sua própria indústria de cosméticos para abastecer, em especial, a classe alta.
A simples aparição de Ri Sol-ju em eventos já quebrou a tradição do ex-líder coreano Kim Jong-il, pai de Kim Jong-un, que nunca aparecia publicamente com suas esposas.
"Isso é algo novo. Ela foi colocada como a 'mãe da Coreia do Norte'", destaca a especialista.
Herdeiros?
O nível de sigilo que cerca a família que comanda a Coreia do Norte é tamanho que não se sabe, por exemplo, quantos filhos Jung-un e a mulher têm.
Segundo o serviço de inteligência da Coreia do Sul, a primeira-dama teve o terceiro filho em fevereiro deste ano. Mas os agentes do país vizinho não conseguiram identificar nem o sexo nem o nome do bebê.
Ri Sol-ju deixou de aparecer nos meios de comunicação oficiais por sete meses, uma longa ausência que gerou especulações de que estaria grávida novamente ou enfrentando uma crise matrimonial.
Acredita-se que os outros dois herdeiros nasceram entre 2010 e 2013, mas ainda permanece a dúvida se Kim Jong-un já tem um sucessor definido porque também não se sabe se o primogênito é menino ou menina.
O sexo do segundo filho foi divulgado acidentalmente, por meio do controvertido jogador de basquete da NBA Dennis Rodman, que surpreendeu muita gente ao revelar sua amizade com o líder norte-coreano.
Em uma entrevista ao jornal britânico The Guardian, em 2013, Rodman revelou que o norte-coreano tinha uma filha, Ju-ae, que o jogador teria carregado nos braços quando visitava a família Kim. Segundo o jogador, Jong-un é "um sujeito incrível".
A outra Kim
Assim como fez com a mulher, Kim Jong-un também deu visibilidade a sua irmã mais nova, Kim Yo-jong.
Ela participa, ao lado do irmão, de eventos públicos e ocupa uma posição importante no governo. Recentemente, ela foi eleita como um dos novos membros do comando do Partido dos Trabalhadores norte-coreano, que comanda o país.
Yo-jong também acompanhou o presidente na visita recente à fábrica de cosméticos.
Para Ankit Panda, especialista em Coreia do Norte, o gesto evidencia "que o regime de Kim quer que o mundo veja que está cada vez mais poderoso", ao mesmo tempo em que sinaliza que prioriza a família e os laços de sangue.
Esse tipo de visita também é vista como uma mensagem direta às elites norte-coreanas porque o presidente reforça a imagem de estabilidade frente às sanções, neste caso, as que afetam o mercado de luxo.
E analistas veem a presença da mulher como um sinal de modernidade num regime fechado. O mesmo ocorre com o Moranbong, grupo de pop favorito de Kim Jong-un, que tem apenas integrantes mulheres que combinam canções patrióticas com minissaias.
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