As brasileiras Jeanne Paollini e Kátyna Baía estão presas na Alemanha desde o dia 5 de março após terem as malas trocadas por bagagem com drogas no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, onde embarcaram com destino ao país para uma viagem de férias. Segundo a Polícia Federal, a suspeita é que elas tenham sido vítimas de um esquema de traficantes.
Uma reportagem do Fantástico, da TV Globo, mostrou que as duas são casadas há 12 anos, moram em Goiânia e colecionam viagens. Atualmente, elas seguem presas em um presídio feminino em Frankfurt - cidade localizada na região central da Alemanha.
É do presídio que ambas falam com as famílias. “Nós nunca convivemos nesse ambiente. Dói muito ficar aqui todo dia. Eu acordo e penso: ‘Meu Deus, esse pesadelo ainda não acabou' ’’, disse Jeanne em um áudio divulgado pelo Fantástico neste domingo, 9.
A irmã de Kátyna, Lorena Baía, relatou ao programa que o casal havia comprado a viagem parcelada em junho de 2022, e que durante cerca de um ano as duas se programaram para conhecer Berlim, capital da Alemanha, além de conhecer outros países na Europa.
“Eu caminhei algemada pelo aeroporto de Frankfurt, escoltada por vários policiais, sem saber o que estava acontecendo. Chegou uma intérprete que informou que nós estávamos sendo presas por tráfico de drogas. O policial apresentou as supostas malas, nós falamos de imediato que aquelas malas não eram nossas. passamos por uma revista íntima e fomos transferidas para um outro prédio”, contou Jeanne.
Já Kátyna relatou que a cela não tem nem ao menos uma janela. “Uma cela em que as paredes têm escritas de fezes. É uma cela fria, não tem janela”.
A advogada das vítimas no Brasil, Luna Provázio, afirmou que as brasileiras estão sofrendo muito com a situação. “Elas tão exaustas, estão no limite delas. Passou de um mês, e elas percebem que cada hora vem uma nova dificuldade lá”.
Imagens flagraram troca de etiquetas
De acordo com a polícia, o pesadelo das brasileiros começou com uma troca de etiquetas no Aeroporto de Guarulhos. Imagens de câmeras de monitoramento exibidas pela TV Globo flagraram o momento em que dois funcionários do aeroporto trocaram as etiquetas das malas das vítimas.
Conforme mostram as imagens, os funcionários separaram as duas malas e tiraram uma foto com o celular. Em seguida, um deles tirou as etiquetas das malas de Kátyna e Jeanne e as substituiu por outras etiquetas.
Enquanto isso, câmeras também flagraram o momento em que, na entrada do aeroporto, duas mulheres, ainda não identificadas pela polícia, chegam com duas malas recheadas de cocaína, conforme apontam as investigações.
Imagens divulgadas pelo Fantástico mostram que, no saguão, uma dessas mulheres se comunica pelo celular. Imediatamente, a funcionária de uma companhia aérea que está sentada em um dos guichês ao lado, se levanta e faz um sinal com a cabeça. As duas supostas passageiras seguem até ela.
Segundo a PF, naquele momento, os guichês não estavam abertos para check-in de nenhum voo. Tanto que nenhuma das mulheres apresenta documentação ou pega tíquete de embarque. Inclusive, três minutos depois, as supostas passageiras deixaram o aeroporto.
Ainda segundo as imagens, as malas com cocaína seguiram pela esteira e os integrantes da quadrilha começaram a se movimentar para encontrar as bagagens com drogas.
Segundo a polícia informou ao Fantástico, essas bagagens não poderiam sair da área de embarque doméstico para a internacional livremente pela pista. Os criminosos teriam feito isso para escapar do raioX.
O esquema foi realizado porque as malas de Kátyna e de Jeanne foram para o mesmo container onde estavam as bagagens com drogas. Em seguida, as malas seguiram para o avião com destino a Alemanha.
Segundo a PF, as etiquetas com os nomes de Kátyna e Jeanne foram colocadas nas malas com drogas atrás de uma pilastra, que era um ponto cego da câmera.
A prisão
As duas viajaram no dia 5 de março para conhecer Berlim, capital da Alemanha e outros países na Europa. "Elas estão em celas separadas e me relataram que são minúsculas. Elas disseram que passam frio porque o presídio não fornece roupa de frio adequada e elas tiveram todos os bens pessoais apreendidos", relatou a advogada.
O casal fazia escala em Frankfurt com destino a Berlim quando foram presas, e as bagagens delas não foram encontradas até hoje. Com a prisão das brasileiras, a Polícia Federal começou a investigar o caso e achou indícios de que elas não são culpadas.
A polícia descobriu que funcionários terceirizados do Aeroporto Internacional de Guarulhos trocavam etiquetas de malas para enviar droga para o exterior. A polícia prendeu seis investigados.
Autoridades alemãs afirmaram que há fortes indícios de que as brasileiras são mesmo inocentes, mas querem ter acesso a todos os vídeos obtidos pela Polícia Federal e ao inquérito completo, com a prisão dos suspeitos, antes de soltá-las.
Jeanne e Kátyna tiveram a prisão mantida pela Justiça de Frankfurt após audiência no dia 5 de abril, dia em que completaram um mês detidas numa penitenciária feminina da cidade. Segundo o gabinete de Assuntos Internacionais de Goiás, um juiz alemão pediu que as provas obtidas pela Polícia Federal durante a investigação sejam enviadas pelo Ministério da Justiça e pelo Itamaraty.