O ex-primeiro-ministro da Itália Matteo Renzi pediu uma reunião com o premier Giuseppe Conte para tentar colocar fim na crise que ameaça a sobrevivência do governo.
Líder do partido de centro Itália Viva (IV), Renzi trocou farpas com Conte via imprensa nos últimos dias e protagoniza divergências cada vez mais frequentes com as outras legendas da base aliada, especialmente o antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S).
"Precisamos de transparência. Pedi a Conte para vê-lo na semana que vem, se ele julgar útil", disse o ex-premier, que hoje ocupa o cargo de senador da República, durante uma coletiva de imprensa em Roma. Chamando a crise de "telenovela", Renzi declarou que espera colocar um "ponto final nesse teatrinho". O primeiro-ministro já aceitou seu convite.
A polêmica se deve principalmente a um projeto de lei anticorrupção aprovado pelo Parlamento no fim de 2018, quando Conte governava em uma aliança entre o antissistema M5S e a ultranacionalista Liga.
A iniciativa entrou em vigor no último dia 1º de janeiro e impede a prescrição de crimes depois de emitida sentença em primeiro grau, tanto em caso de condenação como de absolvição. Essa norma é uma bandeira do M5S, mas enfrenta forte oposição do IV, que vê na possibilidade de extinção do processo uma forma de proteção contra o excesso de duração de inquéritos.
Desde setembro passado, quando partidos de centro e esquerda substituíram a Liga na coalizão com o M5S, a base aliada negocia para suavizar a nova norma sobre prescrições, porém sem conseguir chegar a um consenso.
Na última quinta (14), o movimento antissistema e o Partido Democrático (PD), ex-legenda de Renzi, concordaram com uma regra para impedir a prescrição após a sentença em primeiro grau apenas no caso de condenação. Além disso, se o réu for absolvido em segunda instância, o prazo de prescrição será retomado, contabilizando todo o período desde a primeira sentença.
O Itália Viva, no entanto, defende a revogação total do projeto sobre prescrição e boicotou a reunião de governo. Além disso, Renzi chegou a propor uma eleição direta para primeiro-ministro, o que, na prática, acabaria com o sistema parlamentarista no país.