Os 12 meninos e seu treinador de futebol que estão presos em uma rede de cavernas na Tailândia podem precisar aprender a mergulhar ou ter que esperar meses até que as cheias retrocedam, segundo o Exército do país, envolvido na operação de resgate.
O grupo de rapazes foi encontrado com vida por mergulhadores nesta segunda-feira, depois de ficar 9 dias desaparecido. Eles estavam refugiados em uma área elevada dentro do complexo de cavernas, que não foi inundada. Mas não foi possível retirá-los do local, já que os acessos estão cheios de água.
Agora que os 13 foram encontrados, o objetivo das operações de resgate é levar comida e suprimentos médicos para dentro das cavernas. Segundo os militares, a comida que será entregue para os rapazes seria suficiente para pelo menos quatro meses.
Ao serem encontrados pelos mergulhadores, um dos meninos teria dito: "Comer, comer, comer, fale para eles que estamos com fome".
"Nossa missão é buscar, resgatar e retornar. Até agora, nós apenas os encontramos. A próxima missão é retirá-los da caverna e mandá-los para casa", disse o governador da província de Chiang Rai, no norte da Tailândia, onde fica a rede de cavernas.
Como eles ficaram presos nas cavernas?
No dia 24 de junho, os rapazes adentraram a rede de cavernas para um passeio. Logo depois, começou a chover. Com isso, a entrada principal ficou bloqueada. Isso pode ter impedido o grupo de voltar e feito com que buscassem uma área mais alta, protegida das águas.
O complexo de cavernas, chamado de Tham Luan Nang, costuma ficar inundado durante o período de chuvas, de setembro a outubro.
Caso seja preciso retirar os 13 rapazes da caverna antes do fim da temporada de chuvas, eles podem precisar a aprender técnicas básicas de mergulho, para conseguirem passar por segurança pelos perigosos corredores subterrâneos, cheios de águas lamacentas, com visibilidade zero.
Já a tentativa de bombear a água para fora das cavernas, permitindo a passagem do grupo, não foi bem sucedida até agora.
Retirada por mergulho é muito perigosa
"A opção de retirá-los das cavernas pelo mergulho é a mais rápida. Mas também é a mais perigosa", afirmou Anmar Mirza, coordenador da Comissão de Resgate em Cavernas dos Estados Unidos.
Trabalharam nas buscas mergulhadores da Marinha da Tailândia, três grandes especialistas britânicos em mergulho em cavernas e mergulhadores militares americanos. Todos são altamente capacitados em mergulho. Mesmo assim, precisaram de diversas horas de trabalho até encontrarem os 13 rapazes. Tiveram que atravessar passagens estreitas, com o auxílio de esforços de bombeamento de água.
Já os 13 rapazes não têm treinamento de mergulho.
Edd Sorenson, membro da Organização Internacional de Resgate em Cavernas Subaquáticas, desaconselha retirar o grupo das cavernas pelo mergulho. "Isso é extremamente perigoso e arriscado. Eu só consideraria essa possibilidade como uma última opção", afirmou.
"(Ao) colocar alguém que não esteja familiarizado a condições extremas, em uma situação de visibilidade zero, é provável que essa pessoa entre em pânico" e coloque sua vida e dos mergulhadores em risco, completou.
Perfurações nas rochas são muito difíceis de serem feitas
Autoridades tailadesas também tentaram perfurar buracos nas cavernas, para ajudar a drenar parte da água das cheias. Mas a espessura das rochas inviabilizou os esforços.
Também foi sugerido que essas perfurações pudessem funcionar como um caminho alternativo de saída para os rapazes - já que o local por onde entraram inundou. Porém, para iniciar esse processo, seria necessário construir novas estradas sob as cavernas, para transportar os pesados equipamentos de perfuração.
Além disso, seria preciso conhecer a estrutura das cavernas por completo - caso contrário, seria pequena a chance de perfurar em um local que de fato permitisse a saída do grupo. "Parece fácil, mas é muito difícil", afirma Mirza, da Comissão de Resgate em Cavernas dos EUA.
Suprimento de alimento pode manter os jovens vivos até água baixar
Segundo Narongsak Osottanakorn, governador da província onde fica o complexo de cavernas, médicos e enfermeiros seriam enviados até os rapazes junto com os mergulhadores. "Se os médicos disserem que a saúde dos meninos está forte o suficiente para serem retirados, é isso que vai acontecer", disse o político. "Nós vamos cuidar deles, até que possam voltar para a escola".
Mas, de acordo com Mirza, a saúde é uma preocupação muito séria. "Depois de nove dias sem comida, é preciso observar com cuidado a dieta alimentar". Pessoas que não se alimentaram por muito tempo podem apresentar graves problemas de saúde se não tiverem uma reintrodução alimentar correta - como um ataque cardíaco ou coma.
"Por isso, a essa altura, eu acho que seria melhor levar comida, água, sistemas de filtragem e oxigênio, se necessário. E esperar", afirma Sorenson, da Organização Internacional de Resgate em Cavernas Subaquáticas.