O anúncio do Irã de que abandonará as limitações ao enriquecimento de urânio pode ser o primeiro passo rumo ao fim do acordo nuclear firmado em 2015 pela República Islâmica com grandes potências, disse o ministro das Relações Exteriores alemão, Heiko Maas, nesta segunda-feira.
Já se esperava que o Irã anunciasse o posicionamento mais recente sobre o acordo neste final de semana, mas a declaração coincidiu com o agravamento das hostilidades com os Estados Unidos após o assassinato do comandante militar iraniano Qassem Soleimani em um ataque de drone norte-americano na sexta-feira, em Bagdá.
"Definitivamente voltaremos a conversar com o Irã. O que foi anunciado, entretanto, não é condizente com o acordo", disse Maas à rádio Deutschlandfunk, acrescentando que autoridades alemãs, francesas e britânicas debaterão a situação nesta segunda-feira.
"(A situação) não ficou mais fácil, e este pode ser o primeiro passo para o fim do acordo, o que seria uma grande perda, então pesaremos isso de forma muito, muito responsável agora", acrescentou.
A televisão estatal iraniana disse que o Irã não respeitará quaisquer limites estabelecidos no pacto para suas atividades nucleares -- entre eles limites ao número de centrífugas de enriquecimento de urânio, sua capacidade de enriquecimento, o nível em que o urânio pode ser enriquecido, a quantidade de urânio enriquecido armazenado e suas atividades de pesquisa e desenvolvimento nuclear.
O Irã já violou vários limites do acordo às suas atividades nucleares em reação à saída dos EUA do pacto em 2018 e à reativação de sanções norte-americanas que vêm prejudicando o comércio de petróleo do Irã.
Conforme o acordo nuclear, Teerã concordou em limitar suas atividades nucleares em troca da suspensão da maioria das sanções internacionais.
Indagado sobre a decisão iraniana de recuar ainda mais em seus compromissos com o pacto, Maas respondeu: "Esta é uma decisão que torna a situação já difícil ainda mais difícil. Ninguém quer que o Irã adquira armas nucleares".