Romênia anula eleição por suposta interferência da Rússia

Primeiro turno foi vencido por candidato de direita radical quase desconhecido. Processo eleitoral vai recomeçar do zero, e governo decidirá data de nova votação.

6 dez 2024 - 12h47
(atualizado às 12h52)
Calin Georgescu, um político de direita radical quase desconhecido, venceu o primeiro turno
Calin Georgescu, um político de direita radical quase desconhecido, venceu o primeiro turno
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

O Tribunal Constitucional da Romênia anulou o resultado do primeiro turno da eleição presidencial poucos dias antes da realização do segundo turno, marcado para este domingo (8/12), por uma suposta interferência russa.

Isso significa que o processo eleitoral vai recomeçar do zero, e o governo vai decidir uma data para a nova votação.

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O primeiro turno havia sido vencido por Calin Georgescu, candidato de direita radical quase desconhecido, cético em relação à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que já elogiou o presidente russo, Vladimir Putin.

A decisão do tribunal foi tomada depois da divulgação de documentos de inteligência sugerindo que Georgescu se beneficiou de uma operação de influência em massa — conduzida a partir do exterior — para interferir no resultado da eleição.

O atual primeiro-ministro da Romênia, Marcel Ciolacu, disse que a decisão do tribunal de anular o pleito era "a única solução correta após a retirada do sigilo dos documentos... que mostram que o resultado da votação dos romenos foi descaradamente distorcido como resultado da intervenção da Rússia".

Os juízes do tribunal se reuniram na manhã desta sexta-feira (6/12), apesar de terem anunciado na noite anterior que não discutiriam novas informações sobre uma possível influência externa nas eleições até o segundo turno da votação.

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A lei estipula que, no caso de anulação das eleições, elas devem ser retomadas no segundo domingo após a data da anulação — o que significaria 22 de dezembro.

No entanto, o tribunal decidiu pedir ao governo que refaça todo o processo eleitoral e, portanto, a campanha eleitoral.

Na semana passada, o tribunal ordenou uma recontagem dos votos do primeiro turno, após alegações de que a plataforma de rede social TikTok ofereceu "tratamento preferencial" ao inesperado vencedor.

Georgescu, um político sem partido próprio, fez campanha principalmente no TikTok.

A plataforma afirmou que era "categoricamente falsa a alegação de que sua conta foi tratada de forma diferente de qualquer outro candidato".

Ele obteve 23% dos votos, contra 19% da segunda colocada, Elena Lasconi, do partido de oposição União Salve a Romênia.

Ciolacu, do partido governista Social Democrata, ficou em terceiro lugar.

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Elena Lasconi acusou o tribunal de pisotear a democracia
Foto: EPA / BBC News Brasil

Lasconi condenou a decisão do tribunal, classificando a medida como "ilegal" e "imoral".

Segundo ela, "hoje é o momento em que o Estado romeno pisoteou a democracia".

"Quer a gente goste ou não, de um ponto de vista legal e legítimo, 9 milhões de cidadãos romenos, tanto no país quanto na diáspora, manifestaram sua preferência por um determinado candidato. Não podemos ignorar sua vontade!", afirmou.

Ela esperava vencer a eleição no segundo turno, que agora foi cancelado.

O Tribunal Constitucional também rejeitou os pedidos apresentados por dois dos candidatos derrotados que acusaram Georgescu de financiamento ilegal de campanha.

Nesta semana, Georgescu negou à BBC que sua vitória nas urnas no primeiro turno tivesse sido resultado de uma operação de influência apoiada pela Rússia.

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Ele alegou que o establishment político não conseguia lidar com seu sucesso e estava tentando inviabilizá-lo.

O país está agora em um terreno totalmente novo, politicamente. E ninguém sabe ao certo o que vai acontecer a seguir.

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