Rússia x Ucrânia: quais sanções estão sendo impostas à Rússia e o que mais pode ser feito?

EUA, Reino Unido e outros países impuseram sanções à Rússia. Veja o que já foi feito e o que mais pode vir pela frente.

24 fev 2022 - 09h53
(atualizado às 10h23)
Putin
Putin
Foto: Reuters / BBC News Brasil

Medidas para prejudicar a Rússia e tentar forçar o presidente Vladimir Putin a recuar da ação militar são esperadas diante da nova escalada da crise.

Forças militares russas iniciaram nesta quinta-feira (24/2) uma ampla invasão da Ucrânia. Há relatos de tropas cruzando diversos pontos da fronteira e explosões perto das principais cidades ao redor do país — e não apenas na região de Donbas, onde grupos separatistas foram reconhecidos e apoiados recentemente pela Rússia.

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O que é uma sanção?

Uma sanção é uma penalidade imposta por um país contra outro, muitas vezes para impedi-lo de agir de forma agressiva ou infringir a lei internacional.

Sanções geralmente são feitas para prejudicar a economia de um país ou as finanças de determinados indivíduos, como políticos importantes. Elas podem incluir proibições de viagens e embargos de armas. Elas estão entre as medidas mais duras que as nações podem adotar — em vez de declarar guerra.

Que sanções foram impostas até agora?

As sanções dos EUA anunciadas na terça-feira (22/2) tentam prejudicar a capacidade da Rússia de financiar seus esforços militares:

  • dois bancos estatais — que os EUA dizem serem fundamentais para o setor de defesa da Rússia — não poderão mais fazer negócios nos EUA ou acessar seu sistema financeiro;
  • cinco pessoas descritas como parte do círculo íntimo de Putin foram punidas;
  • restrições foram colocadas em acordos com os EUA envolvendo a dívida nacional da Rússia;
  • americanos estão proibidos de fazer negócios em Luhansk e Donetsk.

Poucas empresas americanas estão ativas nas regiões envolvidas. Mas a Casa Branca disse que poderia impor sanções mais amplas.

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A Alemanha impediu a entrada em operação do gasoduto Nord Stream 2 da Rússia
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

A União Europeia está sancionando 27 indivíduos e organizações russas, incluindo bancos. A UE também está limitando o acesso aos mercados de capitais europeus — cortando a capacidade de acessar fundos dos bancos europeus — e proibindo o comércio entre a União Europeia e as duas regiões controladas pelos rebeldes.

Cerca de 351 membros da Duma da Rússia, a câmara baixa do Parlamento, também são alvos de sanções.

O chanceler alemão Olaf Scholz suspendeu a certificação de abertura do gasoduto Nord Stream 2 da Rússia para a Alemanha.

E o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, anunciou sanções contra cinco bancos russos e três bilionários russos.

Alguns parlamentares do Reino Unido querem que o governo seja ainda mais duro — visando mais bancos e indivíduos.

Que outras sanções a Rússia poderia enfrentar?

O Ocidente pode adotar medidas ainda mais duras contra a Rússia se a crise persistir.

Exclusão da Rússia do Swift

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Uma medida seria excluir a Rússia do serviço global de mensagens financeiras Swift, usado por milhares de instituições financeiras em todo o mundo.

Isso dificultaria muito qualquer negócio de bancos russos com o exterior, mas também haveria um custo econômico para países como EUA e Alemanha, cujos bancos têm ligações estreitas com a Rússia.

A Casa Branca diz que é improvável que isso seja adotado como resposta imediata a uma invasão.

Proibir a Rússia de usar o dólar americano

Os EUA poderiam proibir a Rússia de realizar transações financeiras com dólares americanos. Qualquer empresa ocidental que permitisse que uma instituição russa negociasse em dólares poderia ser punida.

Isso pode ter um enorme impacto na economia da Rússia, já que a maior parte de suas vendas de petróleo e gás são liquidadas em dólares. Isso pode prejudicar o comércio exterior da Rússia em outros setores.

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Por outro lado, as exportações de petróleo e gás da Rússia desabariam, afetando países europeus que dependem do gás russo.

Bloqueio a bancos

Os EUA podem colocar bancos russos em uma lista negra, tornando quase impossível para eles realizarem transações internacionais.

Moscou teria que socorrer os bancos e fazer o que pudesse para evitar o aumento da inflação e a queda da renda no país.

Mas isso prejudicaria também investidores ocidentais com dinheiro nesses bancos.

Além disso, a Rússia tem reservas de mais de US$ 630 bilhões (R$ 3,1 trilhões) em seu banco central para se proteger contra esses choques econômicos.

Bloqueio à exportação de alta tecnologia para Rússia

O Ocidente poderia restringir a exportação de commodities de alta tecnologia para a Rússia.

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Os EUA, por exemplo, poderiam impedir empresas de venderem produtos como microchips semicondutores, que são usados em tudo, desde carros a smartphones.

Isso afetaria não apenas os setores de defesa e espaço da Rússia, mas toda a sua economia, embora também prejudicasse as empresas ocidentais que vendem essas tecnologias.

Restrições de energia

A economia da Rússia é extremamente dependente da venda de gás e petróleo ao exterior. As nações ocidentais podem se recusar a comprar petróleo e gás das gigantes de energia da Rússia, como Gazprom ou Rosneft.

Mais uma vez, isso pode encarecer o gás na Europa. A Alemanha, por exemplo, depende da Rússia para um terço de seu fornecimento de gás.

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O governo do Reino Unido prometeu combater o dinheiro russo ilícito que chega a Londres
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Limitar acesso russo às instituições financeiras de Londres

A quantidade de dinheiro russo em bancos e propriedades no Reino Unido é tão grande que a capital britânica às vezes é chamada de "Londongrad".

O governo do Reino Unido afirma que está enfrentando esse problema exigindo "ordens de riqueza inexplicáveis", que obrigam indivíduos a declararem de onde vem seu dinheiro.

Mas poucas ordens desse tipo foram expedidas.

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