O ex-ministro do Interior da Itália Matteo Salvini, da Liga Norte, e representantes dos principais partidos de centro-direita do país saíram às ruas de Roma neste sábado (19) em um protesto contra o governo italiano, formado pela coalizão entre o Movimento 5 Estrelas (M5S) e a legenda de centro-esquerda Partido Democrático (PD).
Batizado de "Italian Pride", o ato acontece na piazza San Giovanni, no centro da capital, e reúne seguidores do Força Itália (FI), do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, e dos Irmãos da Itália (FDI), de Giorgia Meloni. Para Salvini, a manifestação é uma forma de unir as legendas de centro-direita para fazer uma forte oposição ao governo de coalizão após a crise política deflagrada em agosto passado. Durante discurso, o líder da Liga ressaltou que neste governo há "pessoas com sangue nas mãos". "Estaremos de volta ao governo e em breve voltaremos pelo porta da frente. Sem truques e sem engano", afirmou. Apesar da tentativa de criar uma unidade, o protesto provocou o início de uma crise entre os representantes dos partidos, principalmente depois que o grupo neonazista Casa Pound confirmou presença e o local foi tomado por militantes carregando bandeiras da Liga.
"Reunir-se na praça lado a lado com membros da extrema-direita só poderia criar dificuldades para quem, como eu, viveu e compartilhou a história e os valores representados pelo FI nos últimos 25 anos", reclamou a política do Força Itália, Mara Carfagna.
Já a líder dos Irmãos da Itália criticou a presença de símbolos do partido de Salvini até no palco. "Lamento, no entanto, ter que descobrir, 24 horas após o seu desenvolvimento, que o que deveria ser uma manifestação de todos realmente terá os símbolos da Liga, mesmo no palco", expressou Meloni, demonstrando sua insatisfação pela falta de uma bandeira tricolor. Por sua vez, Berlusconi, que espera o renascimento da centro-direita, com Salvini no comando, tentou amenizar a situação e afirmou que "como em todas as coalizões", o líder é o representante do partido que recebeu mais votos. "Estamos aqui para dizer 'não' ao governo mais à esquerda da história", disse Berlusconi, ressaltando que "a Itália não quer ser governada pela esquerda, pelos comunistas, porque tem muito claro o significado do governo deles".
"[Os italianos querem] ser governados por nós. E aqui representamos a melhor Itália, que funciona, que produz. Somente se formos todos juntos podemos mudar nossa Itália", finalizou. Prefeita de Roma - Durante o ato, representantes da Liga também se reuniram para coletar assinaturas em defesa da renúncia da prefeita da capital italiana, Virginia Raggi, que enfrenta mais uma crise em seu mandato. "Muitas pessoas fizeram fila para assinar as propostas da Liga para um sistema eleitoral majoritário, para a eleição direta do Presidente da República e a abolição dos senadores vitalícios", escreveu Salvini em sua conta no Twitter, ressaltando que muitos também assinaram o documento para pedir a renúncia da prefeita do Movimento 5 Estrelas (M5S). Raggi já enfrentou inúmeras crises em seu mandato. Ela, inclusive, chegou a ser julgada por falso testemunho, mas acabou absolvida. No início de 2017, após apenas sete meses no cargo.
A política do M5S também chegou a admitir que pensara em renunciar por conta de denúncias referentes às nomeações para o alto escalão da Prefeitura.