O desastre humanitário em Gaza está sendo aprofundado por um colapso total da lei e da ordem e a guerra travada por Israel contra o território está tornando o enclave inabitável, disse nesta sexta-feira uma autoridade de alto escalão da principal agência de auxílio da ONU no local, a UNRWA.
Natalie Boucly, vice-comissária geral da UNRWA para programas e parcerias, afirmou que "basicamente, toda a população de Gaza está precisando desesperadamente de assistência em meio a uma fome iminente".
O Parlamento de Israel aprovou uma lei no mês passado que proibirá a UNRWA de operar no país quando ela entrar em vigor no final de janeiro. O Comissário Geral da UNRWA, Philippe Lazzarini, disse que sua implementação "terá consequências catastróficas".
Falando em uma conferência no Chipre, Boucly disse que os 500 caminhões de auxílio pré-guerra que entravam diariamente no enclave palestino caíram para 37 e que esses suprimentos agora correm o risco de serem saqueados por gangues criminosas.
Quase 100 caminhões transportando alimentos para os palestinos foram saqueados em 16 de novembro após entrarem em Gaza, em uma das piores perdas de auxílio humanitário durante 13 meses de guerra no território.
"Gaza se tornou inabitável", disse, chamando a situação de um fracasso da humanidade. "É preciso haver responsabilização por todas as graves violações de direito internacional que estão ocorrendo. A emissão dos mandados de prisão do TPI ontem (quinta-feira) contra três indivíduos é o início dessa responsabilização", afirmou.
Na quinta-feira, o Tribunal Penal Internacional emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, o ex-ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, e o líder militar do Hamas, Ibrahim Al-Masri, conhecido como Mohammed Deif, por crimes de guerra e contra a humanidade.