Autoridades sérvias instalaram spyware nos telefones de dezenas de jornalistas e ativistas, disse a Anistia Internacional em um relatório divulgado nesta segunda-feira, citando provas forenses digitais e depoimentos de ativistas que disseram ter sido hackeados nos últimos meses.
Em dois casos, o software fornecido pela empresa israelense Cellebrite DI Ltd foi usado para desbloquear os telefones antes da infecção, segundo o relatório.
O spyware sérvio, apelidado de "NoviSpy" pela Anistia, fazia capturas secretas de tela dos dispositivos móveis, copiava os contatos e os enviava para um servidor controlado pelo governo, de acordo com o relatório.
"Em vários casos, ativistas e um jornalista relataram sinais de atividade suspeita em seus telefones celulares logo após entrevistas com a polícia sérvia e autoridades de segurança", afirmou a Anistia.
A agência de inteligência sérvia BIA publicou um comunicado em seu site nesta segunda-feira dizendo que opera dentro das leis locais e acusou o relatório da Anistia de conter "declarações sem sentido". O Ministério do Interior e o Ministério das Relações Exteriores da Sérvia não responderam aos pedidos de comentários.
Os produtos da Cellebrite são amplamente utilizados por autoridades policiais, incluindo o FBI, para desbloquear smartphones e vasculhá-los em busca de evidências. A Cellebrite disse que aprecia o trabalho da Anistia e o diretor de marketing, David Gee, afirmou que a empresa está investigando as alegações.
"Se essas acusações forem verdadeiras, isso poderia violar nosso contrato de licença de usuário final", disse Gee à Reuters. Se esse fosse o caso, segundo Gee, a Cellebrite poderia suspender o uso de sua tecnologia pelas autoridades sérvias.
Colocar software de vigilância em dispositivos "absolutamente não é o que fazemos", disse Gee. Ele acrescentou que a Cellebrite havia começado a entrar em contato com as autoridades sérvias, mas se recusou a dar mais detalhes.