Milhões de pessoas estão ficando sem comida no Sudão e alguns estão morrendo devido à falta de assistência médica após quatro meses de guerra que têm devastado a capital do país, Cartum, e provocado ataques étnicos em Darfur, alertou a Organização das Nações Unidas (ONU) nesta terça-feira.
"O tempo está se esgotando para os agricultores plantarem as colheitas que irão alimentá-los e a seus vizinhos. Os suprimentos médicos são escassos. A situação está ficando fora de controle", disseram as agências da ONU em um comunicado conjunto.
O conflito entre o Exército do Sudão e as Forças de Apoio Rápido (RSF) eclodiu em 15 de abril devido às tensões ligadas a uma transição planejada para um governo civil, mergulhando o país na violência e ameaçando desestabilizar a região.
Mais de quatro milhões de pessoas foram deslocadas, incluindo quase um milhão que fugiu para países vizinhos. Civis em Estados afetados pela guerra foram mortos em ataques.
"Os restos mortais de muitos dos mortos não foram recolhidos, identificados ou enterrados", mas a ONU estima que mais de 4.000 foram mortos, disse Elizabeth Throssell, porta-voz do Alto Comissariado para os Direitos Humanos, em coletiva de imprensa em Genebra.
Relatos de agressões sexuais aumentaram 50%, disse Laila Baker, do Fundo de População da ONU.
Os milhões que permanecem em Cartum e cidades nas regiões de Darfur e Kordofan enfrentam saques desenfreados e longos cortes de energia, comunicações e água.
Em um discurso na segunda-feira, o chefe do Exército, general Abdel Fattah al-Burhan, acusou a RSF de almejar "levar o país de volta a uma era anterior ao Estado moderno" e "cometer todos os crimes que se possa imaginar".
A RSF tem acusado o Exército de tentar tomar o poder total sob a direção de partidários de Omar al-Bashir, o líder autocrata que foi derrubado durante uma revolta popular em 2019.
Os esforços liderados pela Arábia Saudita e pelos Estados Unidos para negociar um cessar-fogo ao conflito atual foram paralisados, e as agências humanitárias têm lutado para fornecer ajuda por causa da insegurança, saques e obstáculos burocráticos.