Sobrevivente de Auschwitz é cotada para presidente da Itália

Senadora Liliana Segre está sob proteção por causa de ameaças

12 nov 2019 - 17h37
(atualizado às 18h08)
Liliana Segre é alvo de ameaças antissemitas na internet
Liliana Segre é alvo de ameaças antissemitas na internet
Foto: ANSA / Ansa

Vítima de ameaças antissemitas e colocada sob proteção da polícia, a senadora vitalícia Liliana Segre, sobrevivente do campo de extermínio de Auschwitz, passou a ser cogitada como próxima presidente da Itália.

O atual chefe de Estado do país, Sergio Mattarella, encerra seu mandato de sete anos em 2022, quando o Parlamento escolherá seu sucessor. "Segre é uma grandíssima personalidade, que se apresenta muito bem para um papel como presidente", disse o secretário do Partido Democrático (PD) e governador do Lazio, Nicola Zingaretti.

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O PD integra a base aliada do primeiro-ministro Giuseppe Conte e é hoje a maior força de centro-esquerda na Itália. Outro expoente do partido, o ministro das Relações Europeias Vincenzo Amendola, reforçou que a sugestão de Segre como presidente é algo "muito importante".

A ideia havia sido lançada pela jornalista Lucia Annunziata, diretora editorial do site HuffPost na Itália. "Chegou a hora de propor Liliana Segre como presidente da República", disse Annunziata durante um evento nesta segunda-feira (11), acrescentando que essa seria uma forma de tirar as disputas políticas da eleição para chefe de Estado.

Na Itália, o presidente da República não exerce função de governo, mas tem um importante papel de mediação política, e é eleito por um colégio formado por deputados, senadores e representantes designados pelas 20 regiões do país.

Segre terá 91 anos na próxima eleição, dois a mais do que o ex-presidente Giorgio Napolitano tinha quando deixou o cargo, em janeiro de 2015. Já Mattarella está com 78 anos. Nunca uma mulher exerceu a função de chefe de Estado na Itália.

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A senadora vitalícia é acompanhada por dois policiais desde o fim da semana passada, em função das ameaças antissemitas que ela recebe nas redes sociais. 

Os ataques provocaram uma onda de indignação na Itália, que também convive com recorrentes casos de racismo, especialmente no futebol. Na última segunda, cerca de 5 mil pessoas participaram de um ato em solidariedade à senadora em Milão.

Trajetória

Segre foi nomeada senadora vitalícia pelo presidente Mattarella em janeiro de 2018. Nascida em Milão, em 10 de setembro de 1930, de uma família laica judia, ela tinha apenas 13 anos quando foi deportada para Auschwitz-Birkenau, na Polônia.

Ao chegar ao campo de extermínio, Segre foi separada do pai, com quem não voltaria mais a se reunir. Com o número 75.190 tatuado no braço, a jovem fez trabalhos forçados em uma fábrica de munições e, em janeiro de 1945, participou da chamada "marcha da morte", a transferência de prisioneiros da Polônia para a Alemanha.

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Segre foi libertada em maio daquele mesmo ano pelo Exército soviético e passou a viver com os avós maternos, os únicos sobreviventes da família.

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