Sombra da guerra da Ucrânia paira sobre a cúpula dos Brics de Putin na Rússia

21 out 2024 - 20h45

A Rússia pretende usar o encontro dos Brics para mostrar a sua crescente importância no mundo não Ocidental, mas os parceiros de Moscou -- China, Índia, Brasil e o mundo árabe -- pedem ao presidente Vladimir Putin para encontrar uma maneira de encerrar a guerra na Ucrânia.

O grupo Brics agora representa 45% da população mundial e 35% da economia global, tendo como base a paridade do poder de compra, embora a China seja responsável por mais da metade de sua força econômica.

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Putin, que é retratado pelo Ocidente como um criminoso de guerra, disse a repórteres das nações do Brics que "os Brics não se colocam em oposição a ninguém" e que a mudança nos motores do crescimento global era simplesmente um fato.

"Esta é uma associação de Estados que trabalham juntos com base em valores comuns, uma visão comum de desenvolvimento e, o mais importante, o princípio de levar em consideração os interesses uns dos outros", disse.

A cúpula dos Brics acontece enquanto chefes das finanças globais se reúnem em Washington, em meio à guerra no Oriente Médio, à guerra na Ucrânia, a uma economia chinesa vacilante e preocupações de que a eleição presidencial dos EUA possa desencadear novas disputas comerciais.

Putin, que enviou soldados para a Ucrânia em 2022 após oito anos de combates no leste do país, foi bombardeado por perguntas de repórteres dos Brics sobre as perspectivas de um cessar-fogo na Ucrânia.

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A resposta de Putin foi, em resumo, que Moscou não cederia as quatro regiões do leste da Ucrânia que agora considera parte da Rússia, embora partes dessas regiões ainda estejam fora de seu controle e que desejava que seus interesses de segurança de longo prazo fossem levados em conta na Europa.

Duas fontes russas disseram que, embora houvesse um aumento nas conversas em Moscou sobre um possível cessar-fogo, ainda não havia nada concreto - e que o mundo aguardava o resultado da eleição presidencial nos Estados Unidos em 5 de novembro.

A Rússia, que está avançando na Ucrânia, controla cerca de um quinto do país, incluindo a Crimeia, que foi tomada e anexada unilateralmente em 2014, cerca de 80% do Donbas - uma zona de carvão e aço que abrange as regiões de Donetsk e Luhansk - e mais de 70% das regiões de Zaporizhzhia e Kherson.

Putin disse que o Ocidente agora havia percebido que a Rússia seria vitoriosa, mas que ele estava aberto a negociações com base nos esboços de acordos de cessar-fogo acordados em Istambul em abril de 2022.

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O presidente chinês, Xi Jinping, e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, participarão da cúpula presencialmente, embora o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha cancelado sua viagem após receber recomendações médicas para evitar temporariamente voos de longa distância por conta de uma queda em casa que causou um ferimento na sua cabeça e que causou uma pequena hemorragia cerebral.

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