Submarino perdido: relembre outros 2 casos de embarcações desaparecidas no oceano

Buscas por embarcação que sumiu em visita ao Titanic têm despertado grande interesse em todo o mundo.

22 jun 2023 - 11h39
(atualizado às 16h42)
O submarino argentino ARA San Juan desapareceu em 2017 e só foi encontrado mais de um ano depois
O submarino argentino ARA San Juan desapareceu em 2017 e só foi encontrado mais de um ano depois
Foto: EPA / BBC News Brasil

As buscas pelo submarino que desapareceu com cinco pessoas a bordo no Oceano Atlântico no início desta semana chegaram a um desfecho nesta quinta-feira (22/6): destroços do veículo foram encontrados e todos os passageiros morreram, segundo a empresa dona do submarino, a OceanGate, e a Guarda Costeira dos Estados Unidos.

O submarino, chamado de submersível por especialistas, foi dado como desaparecido no domingo (18), após partir para uma visita às ruínas do Titanic.

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Nos últimos dias, as equipes de resgate fizeram uma corrida contra o tempo, pois a previsão era de que o suprimento de oxigênio do veículo durasse apenas até a manhã desta quinta.

Porém, segundo a Guarda Costeira americana, o tamanho e o formato dos destroços "são consistentes com uma implosão castastrófica."

Relembre a seguir dois outros casos em que buscas por submarinos desaparecidos no oceano despertaram grande comoção e ganharam manchetes no mundo todo.

San Juan, 2017

Em 15 de novembro de 2017, o submarino argentino ARA San Juan naufragou na costa do país com 44 tripulantes. Ele só foi encontrado após mais de um ano de buscas, a 900 metros de profundidade.

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A embarcação perdeu contato com a terra firme durante uma viagem de Ushuaia, no extremo sul do país, onde havia realizado exercícios militares, ao balneário de Mar del Plata, a 300 quilômetros da capital Buenos Aires.

O ARA San Juan viajava com 44 tripulantes, quando perdeu comunicação e desapareceu dos radares
Foto: EPA / BBC News Brasil

O capitão enviou oito comunicações para seus superiores, informando sobre uma falha nas baterias do submarino, horas antes de desaparecer nos radares.

Segundo as mensagens, havia entrado água no sistema de ventilação do submarino. Isso ocorreu quando o submarino estava próximo da superfície, usando um "snorkel" submarino para a entrada de ar, e houve uma grande ondulação no mar.

A última mensagem do capitão explicava que esse problema havia provocado "um curto-circuito e princípio de incêndio" no setor onde ficavam as baterias.

A partir de então, foi iniciada uma intensa operação de busca pelo submarino, que contou com a participação de diversos países.

A Marinha do Brasil e a Força Aérea Brasileira (FAB) chegaram a enviar três embarcações e duas aeronaves para ajudar nas buscas, mas o tempo ruim no local dificultou a ação, devido às ondas, que chegavam a 6 metros de altura.

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Duas semanas depois do desaparecimento, a Marinha argentina anunciou que já não havia esperanças de encontrar nenhum dos tripulantes com vida e as buscas foram temporariamente abandonadas.

Em setembro de 2018, o governo argentino contratou a empresa norte-americana Ocean Infinity para continuar as buscas.

Em 16 de novembro, os restos do submarino foram encontrados a 800 metros de profundidade e a 600 metros da cidade de Comodoro Rivadavia, na Patagônia argentina, em um local próximo aquele no qual foi registrado o último contato do submarino.

Familiares dos desaparecidos criticaram as operações de buscas pelo submarino
Foto: Reuters / BBC News Brasil

A missão de busca do submarino foi cercada de reclamações dos familiares da tripulação, que questionaram o governo tanto devido ao próprio desaparecimento como em relação às buscas.

Três anos e meio depois do acidente, o Conselho de Guerra puniu a cúpula da Marinha argentina com penas que variaram entre 20 e 45 dias de prisão.

A maior penalidade recaiu sobre o então comandante da força de submarinos, capitão Claudio Villamide, que foi destituído. Mas especialistas e familiares consideraram as penas brandas demais.

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Uma investigação contra o então presidente Mauricio Macri por espionagem dos familiares da tripulação do submarino chegou a ser aberta, mas foi encerrada em julho de 2022 após não terem sido identificados delitos.

Kursk, 2000

Outro caso bastante conhecido é o do Kursk (K-141), um submarino nuclear que afundou no Mar de Barents em 2000, com uma tripulação de 118 homens.

O acidente é visto como umas das maiores tragédias subaquáticas da história. O Kursk era na época visto como um orgulho da Marinha russa, uma máquina de guerra equipada com 24 mísseis e, até o naufrágio, considerada indestrutível.

Mas duas explosões causadas pelo disparo de mísseis durante exercícios militares em 12 de agosto acabaram com esse mito.

Segundo especialistas, um vazamento de peróxido de hidrogênio em um dos projéteis provocou um incêndio, que posteriormente provocou as duas explosões.

O Kursk foi localizado a 108 metros de profundidade na madrugada de 13 de agosto.

O Kursk foi um dos primeiros submarinos construídos após a queda da União Soviética
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Inicialmente acreditava-se que todos a bordo haviam morrido na detonação, mas cartas deixadas por alguns marinheiros revelaram que 23 pessoas sobreviveram à explosão após se trancarem em um compartimento do submarino.

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As equipes de resgate, porém, não encontraram a embarcação a tempo e seus corpos foram localizados por mergulhadores noruegueses em 21 de agosto.

O submarino foi totalmente içado apenas em outubro de 2001, mais de um ano após a tragédia.

Familiares dos marinheiros durante cerimônia em Moscou
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

O caso provocou muitas críticas ao governo russo, que demorou dias para comunicar ao público a gravidade do acidente.

Além disso, investigações posteriores apontaram que a Rússia recusou as primeiras ofertas de outros países para ajudar a resgatar os tripulantes do submarino, pois a embarcação poderia revelar segredos militares.

A apuração oficial concluiu ainda que o acidente revelou "indisciplina flagrante, equipamentos de má qualidade, obsoletos e mal conservados", bem como "negligência, incompetência e má gestão" por parte dos responsáveis pelo submarino.

Ninguém está preso atualmente pela morte dos 118 marinheiros.

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