Três ou quatro dias: é dentro desta curta janela temporal que as autoridades tailandesas acreditam que terão que resgatar os 12 meninos e seu treinador de futebol do fundo de uma caverna no norte do país.
A previsão é de chuva intensa nos próximos dias e, no início da semana, de uma precipitação torrencial. O cenário, temem os resgatistas, poderia deixar o grupo isolado pelo menos até janeiro.
"Os próximos três ou quatro dias, a partir deste sábado (07/07), serão o momento mais favorável para a operação de resgate", disse Narongsak Osatanakorn, governador da província de Chiang Rai. "Se esperamos demais, não sabemos quanta água vai cair."
Mergulhadores profissionais levam cerca de 11 horas para ir e voltar do ponto onde o grupo está preso, num caminho estreito e com baixa visibilidade que impõe dificuldades até mesmo aos mais experientes.
São mais de 2 km da entrada da caverna aos garotos, e em alguns pontos a passagem tem menos de um metro de diâmetro. A morte de um mergulhador profissional na última sexta-feira ilustra as dificuldades do trajeto.
Saman Kunan, de 38 anos, ex-membro da equipe de elite da Marinha tailandesa, morreu enquanto instalava tubos de oxigênio em uma potencial rota de saída através da caverna inundada.
Após deixar o local onde trabalhava com um colega, o veterano mergulhador perdeu a consciência quando ambos estavam a 1,5 quilômetro da entrada da caverna.
"O grande problema agora é a habilidade das crianças em mergulhar. Eles não estão aptos. Não podem mergulhar neste momento", afirmou o governador.
Dois fatores vão determinar quando a operação de resgate será iniciada. O primeiro é a qualidade do oxigênio na câmara onde os meninos buscaram refúgio. No momento, ela está em 15% - abaixo do nível mínimo de 21% considerado saudável.
"Se baixar para menos de 12%, começará a afetar o cérebro das pessoas lá dentro", disse o governador. "Elas podem entrar em choque."
Outro perigo é a cada vez maior concentração de dióxido de carbono dentro da caverna, exalado pelas centenas de socorristas que já estiveram lá dentro.
O segundo fator decisivo para o resgate será o nível da água na caverna. Neste sábado, pela primeira vez, as autoridades admitiram que a câmara onde os meninos estão abrigados pode não ser imune a inundações.
"A situação perfeita seria sem água alguma, zero, mas isso impossível de acontecer até dezembro ou janeiro", disse.
Além do mergulho, outras hipóteses consideradas seriam a de perfurar uma passagem pela parte superior da caverna, retirando os meninos com ajuda de helicópteros, ou aguardar até que as águas retrocedam ao final da estação de chuvas na região, o que pode levar meses.
Os meninos, com idade entre 11 e 16 anos, ficaram presos na caverna no último dia 23 de junho, durante uma excursão ao local guiada por seu técnico de futebol, de 25 anos. Eles foram encontrados na última segunda-feira após dias de intensas buscas na qual participaram mais de 1.300 pessoas.
Visivelmente magros, mas em bom estado de ânimo e de saúde, os garotos estão sendo atendidos na caverna por militares, entre eles um médico e um psicólogo.