A missão mais esperada também é a mais traiçoeira, pois os sinais enviados pelos Estados Unidos à Europa antes da visita da primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, são tudo menos conciliatórios.
Além disso, a própria premiê não esconde as dificuldades do encontro cara a cara com o presidente dos EUA, Donald Trump, considerado um "amigo". A partir de agora, ela precisará convencê-lo a dialogar com a União Europeia para deixar de lado as barreiras comerciais e avaliar um acordo transatlântico de livre comércio, após duas semanas de tensão e turbulência nas bolsas de valores.
Meloni se envolverá na próxima quinta-feira (17) em uma partida complexa, que foi trabalhada durante semanas no Palazzo Chigi, onde a chefe de governo reuniu hoje (15) os ministros do seu governo para discutir a missão.
Pouco antes, diante de uma plateia de empresários preocupados há semanas com as tarifas anunciadas e depois suspensas por Trump, Meloni admitiu que "é um momento difícil".
"Vamos ver como será nas próximas horas. Não sinto nenhuma pressão, como vocês podem imaginar, pelos meus próximos dois dias", disse Meloni com uma pitada de ironia, já pensando no que o vice-premiê e ministro das Relações Exteriores, Antonio Tajani, chamou de "missão comercial de paz".
A premiê acrescentou que está "consciente do que representa e defende". O que precisará ser protegido são as exportações italianas e europeias, que correm o risco de pagar caro pelos tarifaços americanos, mas também, segundo ela, a unidade do Ocidente, pois uma guerra comercial não iria beneficiar ninguém.
"Com as exportações também produzimos riqueza para os outros e é bom para todos continuar a negociar com a Itália, porque a Itália é capaz de produzir bem-estar, excelência e riqueza", declarou.
Após uma série de conversas constantes nos últimos dias com Ursula von der Leyen, chefe da Comissão Europeia, Meloni buscou construir uma estratégia para tentar convencer Trump a seguir o caminho do diálogo.