A Rússia alertou nesta quinta-feira (17) que há um sério aumento de tensão na região separatista do Donbass, ao leste da Ucrânia, nos últimos dias, em episódio que pode agravar ainda mais a crise entre as duas nações.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou que o governo está monitorando o que ocorre na área, que tem diversos grupos pró-Rússia.
"Em efeito, estamos lendo e vemos os relatórios de lá. Naturalmente, o nosso Exército tem mais informações, considerando os dados provenientes das fontes especiais. Mas, é óbvio que mesmo sem essas informações, que a tensão está aumentando", disse Peskov à agência de notícias russa Interfax.
"As provocações das forças ucranianas se intensificaram nas últimas 24 horas e a Rússia acredita que a situação pode se incendiar a qualquer momento", pontuou.
Apesar de negar publicamente, os russos são acusados de armar e dar suporte financeiro aos rebeldes desde a explosão da crise no local, em 2014.
Recentemente, a Duma - o Parlamento baixo russo - aprovou uma moção em que pedia que o presidente do país, Vladimir Putin, reconhecesse Donetsk e Lugansk como repúblicas independentes.
Nesta quarta-feira (16), o governo negou que vá tomar a medida porque ela seria uma clara violação dos Acordos de Minsk, assinados em fevereiro de 2015, e que preveem uma série de ações de Kiev e Moscou.
Entre essas medidas, os russos não poderiam mais financiar os rebeldes e o governo ucraniano precisaria dar um status de regiões autônomas aos dois locais - mas nenhuma das duas regras foi colocada em prática de fato. O único efeito maior dos Acordos foi o cessar-fogo entre as forças oficiais e rebeldes, o que pode estar em risco agora.
"Nos últimos dias, nós ouvimos que a Rússia teria conservado um enorme potencial ofensivo nas fronteiras. Mas, é do nosso território que estamos falando. Ao mesmo tempo, ninguém, nenhum representante ocidental mencionou o enorme potencial ofensivo do exército ucraniano que existe na linha de contato ali", atacou ainda Peskov.
Ainda sobre as acusações ocidentais de que a Rússia não estaria retirando, mas sim reforçando as tropas nas fronteiras, o porta-voz afirmou que esse processo "levará ainda um bom tempo" e que as acusações são "infundadas".
As informações de tensão no Donbass também foram noticiadas por Kiev, que informou que os separatistas pró-Rússia teriam atacado um asilo em Lugansk, mas sem deixar feridos.
Após a Organização para a Segurança e Cooperação da Europa (OSCE) informar que havia registrado "inúmeros bombardeamentos ao leste", o governo de Kiev ressaltou que acredita que esses "ataques" não passaram de uma "provocação" dos rebeldes.
Horas depois, porém, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, afirmou que a "vila de Stanytsia Luhanska foi bombardeada com armas pesadas do território ocupado do Donbass".
"As infraestruturas civis foram danificadas e pedimos que todos os parceiros condenem rapidamente essa grave violação dos Acordos de Minsk por parte da Rússia em uma situação que já está tensa", pontuou o ministro. .