TPI diz investigar possíveis crimes na guerra Israel-Hamas;

Em meio a pressão internacional, Israel anunciou reabertura de mais um duto de água e permissão para entrada de ajuda humanitária em Gaza

29 out 2023 - 21h22
(atualizado às 21h35)

Em meio a preocupação internacional sobre situação de civis na Faixa de Gaza, Israel anunciou reabertura de mais um duto de água e permissão para entrada de ajuda humanitária em Gaza, que voltou a ter internet após apagão.Procurador do Tribunal Penal Internacional, Karim Khan anunciou neste domingo (29/10) que a corte investiga violações relacionadas aos atentados terroristas cometidos pelo Hamas contra Israel, além de analisar eventos em Gaza e Cisjordânia até 2014.  

Guerra Israel-Hamas já dura mais de três semanas
Guerra Israel-Hamas já dura mais de três semanas
Foto: DW / Deutsche Welle

Khan esteve na passagem de Rafah, na fronteira com o Egito, de onde gravou um pronunciamento em que afirma que a obstrução do envio de mantimentos a civis na Faixa de Gaza pode caracterizar um crime de guerra. Mais cedo, em Cairo, ele declarou que Israel deve fazer "esforços discerníveis" para assegurar o acesso de civis a alimentos e medicamentos.

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"Não deve haver nenhum impedimento a ajuda humanitária direcionada a civis. Eles são inocentes", reiterou em uma mensagem publicada no X, antigo Twitter.

Pressão internacional em meio à escalada da crise em Gaza

Pela manhã, as Nações Unidas (ONU) informaram que armazéns e centros de distribuição mantidos pela organização em Gaza foram invadidos por pessoas em busca de comida.

Em meio à crescente pressão internacional, Israel anunciou que permitiria a entrada de mais ajuda humanitária no território nos próximos dias e a abertura de uma segunda linha de abastecimento de água que havia sido fechada no início do conflito.

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Ao fazer o comunicado, um porta-voz militar do país negou, contudo, que haja escassez de comida e medicamentos, alegando que os suprimentos estão sendo controlados pelo Hamas.

Também no domingo, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, conversou com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, tendo ressaltado o direito de Israel à autodefesa de "maneira consistente com as leis internacionais humanitárias, priorizando a proteção de civis" e a necessidade de "aumentar imediatamente o fluxo de assistência humanitária para atender as necessidades de civis em Gaza".

Biden enviou uma mensagem semelhante ao Egito, opondo-se a um eventual deslocamento de palestinos, que preocupa o país.

Mais cedo, outro emissário da Casa Branca, Jake Sullivan, afirmou que o fato de o Hamas usar civis como escudo humano "não diminui a responsabilidade deles [Israel] perante a lei internacional de fazer tudo ao alcance deles para proteger civis".

À noite, a Sociedade do Crescente Vermelho Palestino (braço da Cruz Vermelha) afirmou que suas equipes em Gaza receberam 24 caminhões em suprimentos pela passagem de Rafah. À a agência de notícias Associated Press, um oficial egípcio informou que 33 veículos carregados de mantimentos adentraram o território.

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Brasil convoca nova reunião do Conselho de Segurança

Na última sexta, em meio a relatos de deterioração da situação humanitária em Gaza, a Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) aprovou, por ampla maioria, uma resolução não-vinculativa em que pede uma "trégua humanitária imediata" para garantir a assistência de civis palestinos sitiados no enclave.

O gesto foi recebido com indignação pela diplomacia israelense, que criticou a ausência de uma condenação ao Hamas. Horas depois, Gaza ficou sem sinal de internet e telefonia - o sinal começou a ser reestabelecido neste domingo -, e militares ampliaram a investida contra o Hamas, expandindo as "operações terrestres" e inaugurando a "segunda fase" do que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, chamou de "guerra de independência" pela existência de Israel.

No domingo, militares teriam despejado panfletos sobre Gaza instruindo a civis sobre como "se render". "Líderes do Hamas estão te explorando", consta do texto em árabe. "Eles e suas famílias estão em locais seguros enquanto você morre em vão."

No apagar das luzes de sua presidência no Conselho de Segurança da ONU, o Brasil tenta negociar uma outra resolução - esta, com caráter vinculativo - para a crise em Gaza, convocando nova reunião de emergência do conselho para a tarde de segunda-feira, informou o colunista Jamil Chade, do UOL. Esforços anteriores nesse sentido foram vetados por Estados Unidos e Rússia.

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Preocupação internacional com situação humanitária em Gaza

Bombas têm chovido sobre o enclave desde que Israel declarou guerra ao Hamas e impôs um rígido cerco em resposta aos atos terroristas de 7 de outubro, quando membros do grupo radical islâmico que controla o território palestino massacraram cerca de 1.400 pessoas e sequestraram outras mais de 200.

Também Israel se encontra sob fogo constante desde então, mas tem conseguido interceptar boa parte dos ataques - que têm partido não só de Gaza, mas também da fronteira com o Líbano e a Síria.

As Forças de Defesa de Israel (IDF) têm apelado a civis para que deixem "temporariamente" o norte de Gaza, local onde os militares têm concentrado suas operações. A inteligência isralense alega que o Hamas tem sabotado esses esforços, enquanto alguns moradores ignoram os apelos alegando não ter nenhum lugar seguro para onde ir.

Parte buscou abrigo em hospitais, como o Al-Quds, cujas imediações foram bombardeadas neste domingo, segundo relatos. Equipes médicas permaneceram no local sob o argumento de não ter como transferir pacientes em situação delicada.

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Israel diz que o Hamas se esconde atrás de infraestrutura civil e usa inocentes deliberadamente como escudo humano. O grupo mantém uma extensa rede de túneis no subsolo de Gaza e é acusado de desviar apoio humanitário à região em benefício próprio.

No lado palestino o conflito fez até agora, segundo informações das autoridades em Gaza, mais de 8.000 vítimas - esses dados não podem ser verificados de forma independente.

Judeus e palestinos têm sido alvo de animosidades desde a eclosão do conflito

Na Cisjordânia, veículos locais informam que tem havido confronto entre judeus ali assentados e palestinos. Líder de ultradireita e ministro do Interior de Israel, Itamar Ben-Gvir tem acenado com armas gratuitas a israelenses que vivem na região e em áreas de fronteira. Um israelense foi preso preventivamente pelas autoridades na noite de sábado, segundo o Times of Israel, sob a suspeita de cometer atentados contra palestinos.

Na Rússia, na região do Daguestão, veículos locais informaram que o aeroporto de Makhachkala foi fechado por policiais após uma multidão tentar invadir um avião vindo de Tel Aviv enquanto proferia palavras de ordem com teor antissemita.

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Três milhões de pessoas vivem no Daguestão, a maioria muçulmana, mas a região abriga cerca de 400 famílias judias, que agora cogitam se mudar.

A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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