Trump e o Estado da União: 4 frases-chave do presidente dos EUA 'no discurso político mais importante do ano'

Além de pedir unidade política aos representantes do Congresso, o presidente falou sobre temas como a relação do país com a Coreia do Norte, a crise na Venezuela e iniciativa para restringir abortos.

6 fev 2019 - 15h08
(atualizado às 15h15)
Trump insistiu na necessidade de construção de um muro na fronteira com o México e anunciou que vai reforçar tropas na área
Trump insistiu na necessidade de construção de um muro na fronteira com o México e anunciou que vai reforçar tropas na área
Foto: EPA / BBC News Brasil

Nesta terça-feira, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez o seu tradicional discurso à nação - o chamado Estado da União - considerado o discurso político mais importante do ano no país.

O líder americano aproveitou o pronunciamento para pedir "unidade política", em um momento de divisão no Congresso em que embates com a oposição levaram, por exemplo, à mais longa paralisação administrativa da história em um governo americano.

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O motivo foi um impasse, que durou de 22 de dezembro a 25 de janeiro, envolvendo o muro que o presidente quer construir na fronteira com o México.

Trump pedia recursos para a construção e os democratas, que atualmente controlam a Câmara dos Representantes (a Câmara dos Deputados dos EUA) e fazem oposição ao governo, se recusavam a liberar verba. Por isso, o presidente ficou sem aprovar parte do orçamento federal, afetando o funcionamento de diversos departamentos públicos.

Mas a necessidade de "unidade" neste momento não foi o único ponto abordado por ele durante o discurso desta terça.

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Entre os destaques da noite, o presidente também revelou o local e a data de seu próximo encontro com o líder norte-coreano, Kim Jong-un.

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Ele falou ainda de uma iniciativa para proibir o aborto em um estágio avançado de gestação "de crianças que podem sentir dor no útero da mãe" e anunciou uma legislação para criar uma licença-maternidade remunerada, algo que ainda não existe nos EUA.

O presidente também anunciou que enviará 3.750 soldados adicionais para a fronteira sul com o México.

Trump fez o discurso à frente de seu vice, Mike Pence, e da presidente da Câmara dos Deputados e uma de suas críticas mais duras, Nancy Pelosi
Foto: JIM WATSON / BBC News Brasil

Em relação à questão da fronteira com o México, Trump insistiu na ideia de construir o muro.

"Os muros funcionam e os muros salvam vidas", disse o presidente.

A seguir, veja os momentos mais marcantes do discurso, resumidos em quatro frases:

1. "Se eu não tivesse sido eleito presidente dos Estados Unidos, agora mesmo, na minha opinião, estaríamos em uma grande guerra com a Coreia do Norte"

Trump mostrou uma posição conciliatória com a Coreia do Norte, país do qual se aproximou em 2018 para trabalhar questões como a desnuclearização.

"Como parte de uma nova e ousada diplomacia, continuamos com nosso esforço histórico pela paz na península coreana", disse o presidente.

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O presidente deixou o tom conciliador de lado para classificar como "ridículas" e "partidárias" investigações contra ele
Foto: Zach Gibson / BBC News Brasil

Trump destacou a libertação de prisioneiros americanos que estavam detidos na Coreia do Norte, e também fez referência à suspensão dos testes nucleares por parte do país asiático e ao fato de já terem sido completados 15 meses sem que os norte-coreanos lancem um míssil.

Em 18 de janeiro, a Casa Branca anunciou que Trump terá uma segunda reunião com Kim Jong-un, o líder norte-coreano. Durante o discurso, Trump anunciou que o encontro será no próximo dia 27 de fevereiro no Vietnã.

Os líderes já haviam se reunido em junho de 2018, marcando a primeira vez que um presidente dos Estados Unidos se encontrou com um líder norte-coreano.

"Ainda há muito trabalho a ser feito", disse Trump, "mas minha relação com Kim Jong-un é boa."

2. "Se está produzindo um milagre econômico nos Estados Unidos, e a única coisa que pode detê-lo são as guerras estúpidas, a política ou as ridículas investigações partidárias"

Durante seu discurso, Trump fez vários apelos por unidade política. Ele falou de "superar velhas divisões, curar velhas feridas e construir novas coalizões".

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Mas houve um momento em que deixou de lado esse tom conciliador.

Trump também aproveitou a ocasião para falar sobre a crise na Venezuela e para criticar regime de Nicolás Maduro
Foto: Chip Somodevilla / BBC News Brasil

O presidente falou de "ridículas investigações partidárias" que, segundo ele, poderiam ser um obstáculo ao avanço dos Estados Unidos.

A frase parece uma alusão às investigações sobre o possível conluio entre sua campanha e a Rússia para interferir no resultado das eleições presidenciais de 2016 nas quais ele foi o vencedor.

Como esperado, a declaração foi rechaçada pelos democratas e aplaudida pelos republicanos.

3. "Nesta noite, renovamos nossa determinação de que os Estados Unidos jamais serão um país socialista"

Referindo-se à crise na Venezuela, Trump disse que condena "a brutalidade do regime de Nicolás Maduro, cujas políticas socialistas fizeram com que o país deixasse de ser o mais rico da América do Sul para se tornar um estado de extrema pobreza e desespero".

Os Estados Unidos foram o primeiro país a reconhecer Juan Guaidó como presidente "encarregado" da Venezuela depois que ele se autoproclamou como tal em 23 de janeiro, diante de uma multidão em Caracas.

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Desde então, a Casa Branca aumenta a pressão para acabar com o governo de Maduro e incita outros países a se unirem a esses esforços.

Trump disse que os EUA estavam "alarmados com os novos chamados para que adote o socialismo" no país, no que pareceu ser uma crítica aos congressistas socialistas Bernie Sanders e Alexandria Ocasio-Cortez.

O senador Bernie Sanders não pareceu receber bem críticas de Donald Trump ao socialismo
Foto: Reuters / BBC News Brasil

Pesquisas recentes mostram que um número crescente de democratas adota uma visão mais positiva do "socialismo" em comparação com o capitalismo, embora, neste caso, eles o façam mais em linha com o socialismo europeu e não com o governo da Venezuela.

Segundo análise de Anthony Zurcher, jornalista da BBC em Washington, Trump "não está fazendo tais distinções e, em vez disso, parece estar preparado para pintar os candidatos presidenciais democratas que se mostram alinhados à esquerda em questões como saúde, educação e desigualdade de renda, como radicais demais para se confiar o poder a eles".

"Nesta noite, renovamos nossa determinação de que os Estados Unidos nunca serão um país socialista", disse Trump.

4. "Não se imaginava que fariam isso!"

A maior parte do discurso foi recebida com aplausos dos republicanos e silêncio por parte dos democratas.

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Em determinado ponto, porém, o presidente conseguiu quebrar o gelo dos opositores: foi quando falou do número recorde de congressistas mulheres alcançado nas eleições passadas.

Nesse momento, as parlamentares democratas ficaram de pé e começaram a aplaudir.

Congressistas foram vestidas de branco em homenagem ao movimento que conquistou o direito de voto para as mulheres nos EUA
Foto: SAUL LOEB / BBC News Brasil

As congressistas, vestidas de branco em homenagem ao movimento que conquistou o direito de voto para as mulheres nos EUA, sorriram e agitavam os braços em sinal vitória.

"Não se imaginava que fariam isso!", exclamou o presidente, surpreso.

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