Gina Haspel, agente veterana da CIA escolhida nesta terça-feira pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para comandar a agência de espionagem do país, é uma figura polêmica, apoiada por muitos da comunidade de inteligência dos EUA mas vista com desconfiança por alguns congressistas por seu envolvimento com centros de detenção clandestinos da CIA.
Gina foi selecionada como nova diretora da agência depois que o presidente republicano demitiu o secretário de Estado, Rex Tillerson, e colocou o atual diretor da CIA, Mike Pompeo, em seu lugar.
Se confirmada pelo Senado, Gina se tornará a primeira mulher a comandar a CIA, tendo se tornado sua vice-diretora em fevereiro de 2017. Trump disse aos repórteres que trabalhou muito de perto com Gina e que a vê como "uma pessoa extraordinária".
Autoridades norte-americanas disseram que, embora de maneira geral Gina seja tida em alta conta na agência, sua indicação criou a perspectiva desagradável de uma fiscalização maior do Congresso e da imprensa a agentes que se sentem mais à vontade nas sombras do que sob os holofotes.
"Isso reabrirá feridas de uma década atrás e mais, e também convida a uma supervisão maior tanto de nossas análises quanto de nossas atividades, especialmente se Gina for confirmada", disse uma autoridade dos EUA que falou sob condição de anonimato.
Quando ela foi indicada como vice-diretora no ano passado, agentes de inteligência que serviram com Gina e autoridades do Congresso disseram que em 2002, durante o governo do presidente republicano George W. Bush, ela administrou uma prisão secreta da CIA na Tailândia apelidada de "Olho de Gato". Dois supostos membros do grupo militante Al Qaeda foram submetidos a simulações de afogamento e outras técnicas de interrogatório brutais no local.
Três anos mais tarde, ainda durante a gestão Bush, ela ajudou a cumprir uma ordem de destruição de fitas de vídeo das simulações de afogamento, que são consideradas uma forma de tortura, de acordo com as fontes.
Tais instalações clandestinas são chamadas de "pontos negros" porque sua existência não é reconhecida pelo governo norte-americano.
Nesta terça-feira algumas autoridades de inteligência dos EUA disseram que relatos sobre seu suposto envolvimento em interrogatórios que incluíram tortura são falsos - mas não deram detalhes de imediato nem negaram sua implicação na destruição de vídeos de técnicas de interrogatório violentas.
A audiência de sua confirmação ainda não foi agendada. Grupos de direitos humanos se opuseram à sua nomeação.