O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, comemorou a autorização emitida pela Food and Drug Adminstration (FDA), agência reguladora de medicamentos dos EUA, para um tratamento contra coronavírus que usa plasma sanguíneo de pacientes recuperados dada no domingo, um dia depois de acusar a agência de impedir o lançamento de vacinas e terapias por motivos políticos.
O anúncio da FDA sobre a "autorização de uso emergencial" do tratamento veio na véspera da Convenção Nacional Republicana, na qual Trump será indicado para disputar a reeleição.
"É isto que estamos querendo fazer há muito tempo", disse Trump em uma coletiva de imprensa anormalmente curta na Casa Branca. "Hoje tenho a satisfação de fazer um anúncio verdadeiramente histórico em nossa batalha contra o vírus chinês que salvará incontáveis vidas."
Ao explicar sua decisão, a FDA citou indícios iniciais de que o plasma sanguíneo pode diminuir a mortalidade e melhorar a saúde dos pacientes quando administrado nos três primeiros dias de hospitalização.
A agência também disse que determinou se tratar de uma abordagem segura graças a uma análise de 20 mil pacientes que receberam o tratamento. Até agora, 70 mil pacientes foram tratados com o plasma sanguíneo, disse a FDA.
"Parece que o produto é seguro e estamos confortáveis com isso e continuamos a não ver sinais preocupantes de segurança", disse Peter Marks, diretor do Centro de Avaliação e Pesquisa Biológica da FDA aos repórteres em uma teleconferência.
Um dia antes do anúncio da FDA, Trump atacou o comissário da agência, Stephen Hahn, em um tuíte no qual disse: "O estado profundo, ou quem quer que seja, na FDA está tornando muito difícil para as farmacêuticas conseguirem pessoas para testar as vacinas e as terapias... Obviamente eles esperam atrasar a resposta para depois de 3 de novembro. Tem de focar na velocidade e salvar vidas!"
Trump almeja se recuperar nas pesquisas de opinião durante a convenção republicana desta semana, e um avanço em tratamentos ou uma vacina eficiente para controlar o vírus melhoraria suas chances de se reeleger.
Ao menos 5.686.377 casos de Covid-19 foram relatados até agora nos EUA, de acordo com uma contagem da Reuters, e mais de 176 mil norte-americanos já morreram.
Michael Steele, que atuou como presidente do Comitê Nacional Republicano entre 2009 e 2011, disse que o governo Trump está colocando a política acima da ciência.
"Não se trata de boa ciência, ou mesmo da saúde de vocês, trata-se da reeleição dele", tuitou Steele.