Trump x Biden: um guia simples para entender as eleições nos EUA

Nas eleições dos EUA, nem sempre ganha quem recebe mais votos. Aqui explicamos como funciona o sistema eleitoral que definirá o próximo presidente americano.

18 ago 2020 - 10h34
(atualizado às 10h46)
Joe Biden (à esquerda) e Donald Trump são os grandes protagonistas da eleição presidencial deste ano
Joe Biden (à esquerda) e Donald Trump são os grandes protagonistas da eleição presidencial deste ano
Foto: BBC News Brasil

O presidente dos Estados Unidos tem uma grande influência em como o mundo responde a crises internacionais, como guerras, pandemias globais e mudanças climáticas.

Então, sempre em tempo de eleição - que acontece a cada quatro anos - há muito interesse no resultado mas pouca compreensão sobre como funciona o processo.

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Mesmo nós jornalistas precisamos estar constantemente nos lembrando de como funciona o colégio eleitoral americano e o que é um estado "battleground" ou decisivo.

Então se você está buscando um guia para refrescar sua memória ou para aprender pela primeira vez, confira abaixo as nossas respostas para algumas das perguntas mais comuns.

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Foto: BBC News Brasil

Quando é a eleição e quem são os candidatos?

A eleição para presidente sempre cai na primeira terça-feira depois da primeira segunda-feira de novembro, o que significa que neste ano será no dia 3 de novembro.

Ao contrário de muitos outros países, o sistema político americano é dominado por dois partidos, então o presidente sempre sai de um desses dois.

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Os republicanos são o partido conservador americano e o candidato deles é Donald Trump, que busca a reeleição, para se manter por mais quatro anos no poder.

Os democratas são o partido liberal americano, e seu candidato é Joe Biden, um experiente político que serviu como vice-presidente de Barack Obama por oito anos.

Votos por colegio eleitoral
Foto: BBC News Brasil

Ambos homens têm mais de setenta anos — Trump terá 74 anos no próximo ano, e Biden terá 78 (caso eleito, ele será o mais velho presidente da história americana).

Como o vencedor é decidido?

O vencedor não é sempre o candidato que tem mais votos em nível nacional — algo que Hillary Clinton descobriu em 2016. Há apenas um turno de votação.

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Ao invés disso, candidatos competem por votos no colégio eleitoral. Cada Estado recebe um certo número de votos no colégio eleitoral baseado no tamanho de suas populações. Há 538 votos em disputa — e o vencedor precisa receber 270 deles ou mais.

Isso significa que quando alguém vota por seu candidato predileto, eles estão votando em uma eleição em nível estadual, e não nacional.

Todos os Estados, com exceção de dois deles, têm uma regra na qual o vencedor da disputa conquista todos os votos do colégio eleitoral. Então basta ganhar a maioria dos votos dos eleitores no Estado para conquistar todos os votos daquele determinado colégio eleitoral.

A maior parte dos Estados costuma ter uma ligação forte com um dos partidos, o que significa que os candidatos precisam concentrar seus esforços em uma dúzia de Estados onde ambos têm chances de vencer pois não há um claro favorito. Esses são os "battleground states", ou Estados decisivos, em tradução livre.

Quem pode votar e como se vota?

Se você for cidadão americano com 18 anos ou mais, você pode votar na eleição presidencial.

Muitos Estados aprovaram leis que obrigam eleitores a mostrarem documentos de identificação para provar quem são, antes de votar.

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Trump disputa seu segundo mandato no pleito do dia 3 de novembro
Foto: Reuters / BBC News Brasil

Essas leis foram aprovadas na maioria por republicanos que diziam querer se defender de casos de fraude. Mas os democratas os acusam de usar isso como uma forma de eliminar eleitores mais pobres, já que eles teriam mais dificuldades de demonstrar suas identidades.

Os Estados também têm regras diferentes sobre votos de prisioneiros. A maioria dos detentos perde o direito ao voto ao serem condenados na Justiça, mas reconquista esse direito ao cumprirem suas penas.

A maioria das pessoas vota em postos de votação no dia da eleição, mas há métodos alternativos que estão em crescimento nos últimos anos. Em 2016, 21% dos que votaram usaram cédulas por correio. O voto nos Estados Unidos não é obrigatório.

Como as pessoas votarão é alvo de controvérsia esse ano por conta da pandemia de coronavírus. Alguns políticos defendem um uso mais amplo de votos por correio, mas o presidente Trump disse — sem apresentar provas — que isso poderia aumentar fraudes eleitorais.

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A eleição é apenas para presidente?

Não. Toda atenção estará na disputa entre Trump e Biden, mas os eleitores também vão escolher novos integrantes do Congresso quando preencherem suas cédulas eleitorais.

Democratas já têm controle da Câmara dos Representantes (a câmara baixa do Congresso americano). O objetivo deles é manter essa maioria e conquistar o comando do Senado onde atualmente são minoria.

Se vencer, Joe Biden será o presidente americano mais velho, com 78 anos
Foto: Reuters / BBC News Brasil

Com maioria nas duas casas, eles poderiam bloquear ou adiar projetos de Trump, caso o presidente seja reeleito.

Todos os 435 assentos da Câmara dos Representantes estão em disputa nesse ano, e 33 vagas no Senado também serão escolhidas.

Quando vamos conhecer os resultados?

A contagem de votos pode demorar vários dias, mas geralmente o resultado já fica claro nas primeiras horas do dia seguinte à eleição.

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Em 2016, Donald Trump fez seu discurso de vitória por volta das 3 horas da manhã em Nova York, diante de uma plateia em êxtase.

Mas não programe o seu despertador ainda. As autoridades estão alertando que o aumento no número de votos por correio pode significar que neste ano o resultado sairá dias ou semanas depois da eleição.

A última vez que um resultado incerto durou dias foi em 2000, quando a decisão foi confirmada pela Suprema Corte um mês depois do pleito.

Quando o vencedor toma posse?

O vencedor toma posse no dia 20 de janeiro em uma cerimônia conhecida como "inauguration" em inglês, que é realizada nas escadas do prédio do Capitólio, na capital Washington DC, correpondente à passagem da faixa presidencial que é feita na cerimônia de posse do novo presidente no Brasil.

Depois da cerimônia, o presidente caminha até a Casa Branca e começa seu mandato de quatro anos.

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