Autoridades da Ucrânia alertaram nesta quinta-feira (7) que os moradores do leste do país, palco de um conflito com separatistas pró-Rússia desde 2014, têm sua "última chance" de fugir para áreas seguras.
Cerca de 40 dias após ter invadido a Ucrânia, as tropas russas se retiraram dos arredores de Kiev e agora estão se reorganizando para ampliar as operações militares no chamado Donbass, onde ficam os territórios separatistas de Donetsk e Lugansk.
"Esses próximos dias podem ser a última chance para fugir. Não esperem para evacuar, o inimigo está tentando cortar todas as possíveis vias de saída para as pessoas", alertou o governador de Lugansk, Sergey Gaiday, em uma mensagem no Facebook.
Segundo ele, todas as cidades da região estão sob fogo da Rússia e dos rebeldes pró-Moscou. A retirada dos invasores dos arredores de Kiev revelou cenas de carnificina em locais como Borodyanka, Bucha, Gostomel e Irpin, mas as autoridades ucranianas temem um cenário ainda pior no Donbass, cuja soberania é defendida pelo Kremlin.
A cidade mais afetada pela guerra no leste da Ucrânia é Mariupol, às margens do Mar de Azov e pertencente à região de Donetsk. De acordo com o prefeito Vadim Boichenko, 90% do município foi destruído pelos bombardeios, sendo que 40% está "irrecuperável". Mariupol também contabiliza mais de 5 mil civis mortos, incluindo 210 crianças.
Amplas áreas de Donetsk e Lugansk já estão sob domínio de rebeldes desde 2014, mas a Rússia mira conquistar o Donbass inteiro. "Infelizmente, a guerra pelo Donbass vai lembrar a Segunda Guerra Mundial. Milhares de tanques, aviões, artilharia.
Ajudem-nos agora ou será tarde demais", alertou nesta quinta o ministro ucraniano das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, após participar de uma reunião da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em Bruxelas.