Ucrânia nega envolvimento em morte de Dugina e culpa Rússia

Analista política foi alvo de atentado no fim de semana

23 ago 2022 - 10h27
(atualizado às 10h33)

Um representante da Ucrânia negou nesta terça-feira (23) que o país esteja por trás do atentado que matou a jornalista e analista política russa Darya Dugina no último sábado (20) e ainda acusou os serviços de inteligência de Moscou pelo crime.

Alexander Dugin no funeral de sua filha, Darya Dugina, em Moscou
Alexander Dugin no funeral de sua filha, Darya Dugina, em Moscou
Foto: EPA / Ansa - Brasil

"Não estamos envolvidos na explosão que matou essa mulher. É uma obra dos serviços secretos russos", disse o secretário do Conselho de Segurança e Defesa Nacional da Ucrânia, Oleksii Danilov.

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"O FSB [Serviço Federal de Segurança da Rússia] fez isso e está dizendo que foi alguém da nossa parte. Nós não trabalhamos assim, nossos homens e mulheres têm tarefas mais importantes", acrescentou.

Danilov ainda disse que o Kremlin precisa aumentar a "mobilização social" e que, para isso, o FSB "planeja uma série de atos terroristas nas cidades russas". "Dugina foi apenas a primeira", declarou.

Na última segunda-feira (22), o FSB afirmou que o assassinato de Dugina, filha do proeminente filósofo ultranacionalista Alexander Dugin, foi planejado pelos serviços secretos de Kiev e executado pela ucraniana Natalia Pavlovna Vovk, de 43 anos.

A suspeita teria chegado na Rússia em 23 de julho, com sua filha Sofia Mikhailovna Shaban, 12, e saído do país através da fronteira com a Estônia na província de Pskov.

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De acordo com o FSB, Vovk e Shaban estavam no mesmo festival do qual Dugina e seu pai haviam participado como convidados de honra, no sábado.

A analista política foi vítima de uma bomba instalada no automóvel que ela dirigia - um Toyota Land Cruiser Prado em nome de Dugin - e acionada à distância. O crime ocorreu quando Dugina passava pelo vilarejo de Velyki Vyazomi, nos arredores de Moscou, voltando do festival.

A jornalista e seu pai deveriam viajar no mesmo automóvel, mas, no último instante, Dugin teria decidido ir em um carro separado. Segundo o FSB, Vovk chegou a alugar um apartamento em Moscou no mesmo condomínio onde Dugina residia para monitorar seus passos.

Dugin é conhecido por suas opiniões antiocidentais e de extrema direita e, nos últimos anos, passou a ser identificado pela imprensa europeia e americana como um dos inspiradores da política externa ultranacionalista de Vladimir Putin, embora a mídia russa o considere uma figura "marginal".

Dugina, por sua vez, era uma analista política de destaque e apoiadora da invasão russa à Ucrânia, o que a levou a ser sancionada pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido. Seu funeral foi realizado nesta terça, em Moscou, e reuniu centenas de pessoas. "Ela morreu pelo povo, pela Rússia", disse Dugin na cerimônia.

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