Ucrânia registra 15 mil casos suspeitos de crimes de guerra

A procuradora-geral ucraniana, Iryna Venediktova, afirmou em Haia que entre os suspeitos estão 'os principais militares, políticos e agentes de propaganda da Rússia'.

31 mai 2022 - 22h12
A lista de suspeitos inclui 'os principais militares, políticos e agentes de propaganda da Rússia', disse a procuradora ucraniana
A lista de suspeitos inclui 'os principais militares, políticos e agentes de propaganda da Rússia', disse a procuradora ucraniana
Foto: REUTERS / BBC News Brasil

Cerca de 15.000 casos suspeitos de crimes de guerra foram registrados na Ucrânia desde o início do conflito com a Rússia, com uma média de 200 a 300 casos reportados diariamente, segundo a procuradora-geral do país.

Cerca de 600 suspeitos foram identificados e 80 já processos começaram, disse Iryna Venediktova a repórteres em Haia, na Holanda.

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A lista de suspeitos inclui "os principais militares, políticos e agentes de propaganda da Rússia", acrescentou a procuradora ucraniana.

A Rússia nega envolvimento em crimes de guerra e em mortes de civis.

Dos 15.000 supostos crimes de guerra, Veneditkova disse que muitos foram identificados na região leste de Donbas — cenário de combates ferozes entre tropas russas e ucranianas.

Os crimes de guerra na região a serem investigados incluem a possível transferência forçada de pessoas — tanto adultos quanto crianças — para diferentes partes da Rússia, segundo Venediktova. Há também suspeitas de tortura, de morte de civis e de destruição de infraestrutura civil.

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Embora as investigações relacionadas a casos na região leste tenham começado, as autoridades ucranianas não têm acesso às áreas controladas pela Rússia, informou a procuradora-geral à agência de notícias AFP. Ela também ressaltou as dificuldades de levar as investigações à frente enquanto os conflitos ainda estão ocorrendo. Autoridades ucranianas, no entanto, estão colhendo depoimentos de pessoas evacuadas e de prisioneiros de guerra.

Estônia, Letônia e Eslováquia também se juntaram aos esforços de investigação, disse Venediktova, algo que a Polônia e a Lituânia já vinham fazendo.

O Tribunal Penal Internacional, sediado em Haia, descreveu a Ucrânia como uma "cena do crime" e enviou a maior equipe de investigadores em sua história para o país. A corte também espera abrir um escritório na capital ucraniana, Kiev.

Enquanto isso, nesta terça-feira (31/5), dois soldados russos foram condenados à prisão por 11 anos e meio na Ucrânia por bombardear áreas civis. O primeiro soldado russo a ser julgado na Ucrânia, o sargento Vadim Shishimarin, foi condenado à prisão perpétua por matar um civil na semana passada.

A ouvidora de direitos humanos da Ucrânia, Lyudmila Denisova, também foi demitida pelo parlamento ucraniano. Ela foi criticada por não organizar corredores humanitários e por ter falhando em lidar com supostos casos de estupro, de acordo com a mídia local. Denisova disse que vai recorrer da decisão.

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Fumaça sobre a cidade de Severodonetsk em foto de segunda-feira (30)
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Na linha de frente, forças ucranianas e russas lutam pelo controle da cidade de Severdonetsk, na região de Luhansk, ao leste. Diz-se que a cidade está dividida entre os dois lados, mas não igualmente. O governador Serhiy Haidai, ucraniano, disse que "70%-80% da cidade está controlada pelo exército russo".

Uma explosão também teria atingido um contêiner de ácido nítrico na cidade, que se acredita ter sido causada por um ataque aéreo, disse Haidai. O governador afirmou à BBC que gases tóxicos foram liberados no ar após a explosão, mas apenas em uma pequena área.

A Rússia agora ocupa quase toda Luhansk e concentra-se em dominá-la, assim como pretende fazer com a vizinha Donetsk.

Longe dos combates, os líderes da União Européia (EU) chegaram a um acordo para proibir 90% das importações de petróleo da Rússia, excluindo petróleo por oleodutos, ao qual a Hungria se opôs. Mas os membros da UE continuam divididos sobre as exportações de gás da Rússia.

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