Os ministros do Interior da União Europeia (UE) realizaram nesta terça-feira (31) uma reunião extraordinária, em Bruxelas, para debater uma resposta coordenada à situação no Afeganistão que evite uma crise migratória como a registrada em 2015 pela guerra na Síria.
Segundo o vice-presidente da Comissão Europeia, Margaritis Schinas, o objetivo é garantir que toda a comunidade internacional, a ONU, o G7 e o G20 reúna recursos para capacitar e apoiar o Afeganistão.
A UE planeja um pacote de ajuda de 600 milhões de euros para que países vizinhos, como Paquistão, Uzbequistão e Tadjiquistão, aceitem afegãos como refugiados. A expectativa é agir para apoiar o povo afegão e a vizinhança e assim evitar uma crise humanitária, uma crise migratória e ameaças à segurança.
"Assim, também vamos limitar o alcance dos traficantes para produzir grandes movimentos de refugiados em nossa fronteira externa", explicou Schinas.
De acordo com a ministra do Interior da Itália, Luciana Lamorgese, todos os países mostraram sua total disposição para uma abordagem ordenada e completa da chegada de afegãos e também para participar do acolhimento de pessoas que fogem de situações difíceis.
Lamorgese especificou que o "texto da declaração final foi enriquecido com uma referência a um fórum de reassentamento que deverá ser realizado em setembro" para discutir soluções sustentáveis para os afegãos mais vulneráveis, especialmente mulheres e crianças, mas também ativistas de direitos humanos, jornalistas e advogados afegãos.
Conforme publicação do Financial Times, o plano de 600 milhões de euros, que seriam fornecidos pela comissão, fariam parte de um pacote de assistência ao Afeganistão de cerca de 1 bilhão de euros, o que incluiria cerca de 300 milhões de euros em assistência humanitária direta, a maior parte destinada a mulheres, meninas e outros grupos vulneráveis no país.
No entanto, em um comunicado no início da reunião, os ministros do Interior da Áustria, Dinamarca e República Tcheca disseram que "o mais importante agora é enviar a mensagem certa para os afegãos: fiquem aí e nós apoiaremos a região para ajudar as pessoas".
"Estamos prontos para ajudar, mas o assunto deve ser resolvido na região. Não queremos criar esperanças que não possam ser atendidas", disse o ministro tcheco, Jan Hamacek.
Já o ministro dinamarquês, Mattias Tesfaye, acredita que não se deve cometer os mesmos erros de 2015, quando foi gerida a crise migratória causada pela guerra na Síria.
Em relação às ameaças terroristas, os ministros concordaram, portanto, que bons controles de segurança são necessários e que a situação no Afeganistão não deve criar novos riscos de segurança para os Estados europeus.