Os ministros da Economia da zona do euro não conseguiram chegar a um acordo sobre os instrumentos financeiros que a União Europeia deve usar para combater a crise provocada pela pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2).
Após mais de 16 horas de uma teleconferência encerrada na manhã desta quarta-feira (8), os ministros decidiram suspender as negociações e retomá-las nesta quinta (9).
"Ficamos mais perto de um acordo, mas ainda não o alcançamos. Meu objetivo segue sendo aquele de criar uma forte rede de proteção contra as consequências da Covid-19 [doença provocada pelo novo coronavírus]", disse Mário Centeno, presidente do Eurogrupo, órgão que reúne os ministros da Economia da eurozona.
Assim como em outras crises na União Europeia, as divergências opõem sul e norte, que não conseguiram chegar a um acordo para adotar um instrumento comum de apoio à economia.
Países como Itália, Espanha e Portugal defendem a criação de títulos de dívida comum para a zona do euro - os chamados "coronabonds" ou "eurobonds" -, mas a ideia é rechaçada por nações com políticas fiscais mais rigorosas, principalmente Alemanha, Áustria e Países Baixos.
Os Estados-membros do norte preferem a utilização do Mecanismo Europeu de Estabilidade (ESM), um fundo criado para socorrer países em crise na eurozona. Os repasses, no entanto, seriam feitos como linhas de crédito, ou seja, as nações socorridas, já altamente endividadas, teriam de arcar com novos empréstimos.
"Continuamos nos empenhando por uma resposta europeia à altura do desafio. É o momento da responsabilidade comum, da solidariedade e das escolhas corajosas e compartilhadas", disse no Twitter o ministro da Economia da Itália, Roberto Gualtieri.
Já seu homólogo neerlandês, Wopke Hoekstra, afirmou que os Países Baixos continuam contrários aos eurobonds. "Eles aumentam os riscos para a Europa ao invés de reduzi-los", declarou.
As nações do sul defendem o eurobond porque, com esse mecanismo, os membros da eurozona partilhariam uma mesma dívida, algo que não acontece atualmente. Dessa forma, países mais endividados, como Itália, Grécia e Portugal, teriam acesso a financiamento mais barato em um momento de crise, que tende a pressionar para cima os juros de seus débitos.