A União Europeia cobrou nesta terça-feira (13) a libertação imediata dos manifestantes presos durante a última onda de protestos contra o governo de Cuba.
Milhares de pessoas saíram às ruas no último domingo (11) e realizaram a maior manifestação no país em quase 30 anos. Esse também foi o primeiro grande protesto popular durante a gestão de Miguel Díaz-Canel, que assumiu o comando de Cuba em 2018.
"Estamos cientes das notícias de prisões de ativistas políticos e até de jornalistas em Cuba", disse Peter Stano, porta-voz do alto representante da UE para Política Externa, Josep Borrell.
"Pedimos às autoridades cubanas que libertem imediatamente as pessoas detidas por suas opiniões políticas e por seu trabalho jornalístico. Seu lugar não é na prisão", acrescentou.
Entre os jornalistas presos está a correspondente do jornal espanhol ABC em Cuba, Camila Acosta, acusada de "crimes contra a segurança do Estado".
O subsecretário do Ministério das Relações Exteriores da Itália, Benedetto Della Vedova, afirmou que o governo cubano deve "escutar os motivos do protesto" ao invés de "fazer proclamações revolucionárias e enviar chamados às armas".
"Junto-me ao apelo do alto representante da UE para que o governo cubano permita manifestações, renuncie a repressões violentas e escute o descontentamento dos manifestantes", acrescentou.
Os protestos foram catalisados pela crise econômica e sanitária enfrentada por Cuba por conta da pandemia do novo coronavírus, que abalou o setor de turismo, um dos pilares da economia nacional.
O país vem registrando recordes seguidos de casos e mortes por Covid-19, embora os números ainda estejam longe daqueles vistos nos países que mais sofreram com a pandemia - foram 6.423 contágios e 42 óbitos na última segunda-feira (12), em uma nação de 11,3 milhões de habitantes.
No entanto, a crise sanitária e econômica vem provocando longas filas para obtenção de alimentos, escassez de medicamentos e recorrentes cortes de energia na ilha. Além disso, os protestos também abarcaram a insatisfação com a falta de liberdade no país.
Embargo
O presidente Díaz-Canel adotou um tom de confronto em relação aos manifestantes e convocou os "revolucionários" a saírem às ruas.
Além disso, ele alega que a crise econômica é causada pelo embargo dos Estados Unidos, a quem também acusa de orquestrar as manifestações.
Os atos populares foram tema de uma reunião do gabinete político do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba (PCC), que teve inclusive a presença do ex-presidente Raúl Castro.
"Durante o encontro, foram analisadas as provocações orquestradas por elementos contrarrevolucionários, organizadas e financiadas pelos EUA com fins de desestabilização", afirma o diário oficial Granma.
O regime cubano conta com o apoio de governos de esquerda na América Latina e da China, que expressou nesta terça-feira "pleno suporte" na luta contra a Covid-19 na ilha.
"O embargo dos EUA é a principal causa da falta de medicamentos e de energia", afirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Zhao Lijian, pedindo para Washington "revogar totalmente o bloqueio e desempenhar um papel positivo para que o povo cubano supere a pandemia".
Já o presidente da Bolívia, Luis Arce, denunciou "ações para desestabilizar" e "ataques estrangeiros" contra o governo cubano. "Quanto mais o governo de Cuba avança na saúde e na ciência, mais deve enfrentar a desinformação", ressaltou.
Além disso, Arce pediu o fim do embargo americano ao país, assim como os presidentes da Argentina, Alberto Fernández, e do México, Andrés Manuel López Obrador.