Donald Trump encerra neste sábado (20) seu primeiro ano como presidente com recorde de impopularidade pessoal interna e de seu país no restante do mundo, uma significativa vitória legislativa - a única - sobre a reforma fiscal e uma montanha de confrontos que dividiram e isolaram os Estados Unidos da América.
Os primeiros 12 meses do magnata-presidente foram vividos de maneira tumultuada, como uma montanha-russa: das reviravoltas de uma investigação que se aproxima cada vez mais de seu gabinete à guerra das "fake news" contra a imprensa, tudo sob as nuvens das tensões internacionais e o temor de uma guerra nuclear com a Coreia do Norte.
O balanço desse primeiro ano é mais de sombras do que de luzes. Segundo uma pesquisa do instituto Gallup, Trump tem a pior taxa de aprovação na história, 39%, um percentual que pode tirar do Partido Republicano o controle do Congresso nas eleições de meio de mandato, em novembro.
Mas não para por aí. Sob seu governo, a confiança global na liderança dos EUA despencou a um novo mínimo. Dos 48% na "era Obama", o índice caiu para 30%, apenas um pouco acima do número referente à Rússia (27%) e abaixo da confiança na China (31%).
Os resultados confirmam algumas das maiores preocupações dos analistas de política externa dos EUA e da Europa, segundo quem a abordagem de Trump, resumida no slogan "America first" ("América em primeiro lugar") e combinada com seu temperamento volúvel e irascível, está enfraquecendo a coesão entre as democracias ocidentais, em meio ao empoderamento das autocracias chinesa e russa.
O único sucesso do magnata no Congresso foi a reforma fiscal, enquanto a abolição do Obamacare, contestado sistema de saúde aprovado no governo Obama, naufragou. Quase todas as medidas de Trump foram tomadas por decretos executivos, em grande parte para desmantelar a herança do democrata.
Do Acordo de Paris sobre o Clima ao Acordo de Associação Transpacífico (TTP), do pacto nuclear com o Irã à reaproximação com Cuba, da proteção dos "dreamers" à regulamentação nos setores ambiental e energético. Até o processo de paz no Oriente Médio ficou comprometido, depois do reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel.
O banimento de imigrantes de alguns países muçulmanos sobreviveu após inúmeras batalhas nos tribunais, mas alimentou acusações de racismo, assim como outros episódios, principalmente o uso do termo "lugares de merda" para se referir a nações da América Central e da África.
A idoneidade de Trump para guiar o país foi colocada em dúvida recentemente pelo livro "Fire and Fury" - que será lançado no Brasil com o nome de "Fogo e Fúria" -, de Michael Wolff, no qual sua entourage supostamente o pinta como um "idiota".
Mas a única ameaça de fato para o presidente é o "caso Rússia". O procurador especial Robert Mueller está fechando o cerco contra seus familiares e sua equipe. O próximo a ser interrogado é o ex-estrategista-chefe da Casa Branca Steve Bannon, que caiu em desgraça com Trump por causa do livro de Wolff e deu indícios de que pode colaborar com as investigações.