Unicef: 50 milhões de crianças vivem longe de seu lar

6 set 2016 - 22h43
(atualizado em 7/9/2016 às 12h04)
Refugiado sírio e seus filhos em um campo na alemanha
Refugiado sírio e seus filhos em um campo na alemanha
Foto: EFE

Cerca de 50 milhões de crianças vivem atualmente longe de seus lugares de origem, obrigadas a escapar da violência ou a migrar em busca de oportunidades, advertiu nessa terça-feira o Unicef, que chamou a atenção para os riscos enfrentados por todos estes menores.

Em um relatório intitulado "Desenraizados", o Fundo das Nações Unidas para a Infância analisa a situação dessas crianças e exige ações concretas dos governos para melhorar sua proteção.

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Entre elas está acabar com a detenção de crianças migrantes, manter as famílias unidas para proteger os menores e garantir o acesso à educação a todos eles.

"Esta é uma crise crescente que o mundo enfrenta, seja na Ásia, na América, no Mediterrâneo ou dentro de alguns países", declarou em entrevista coletiva o diretor-executivo adjunto do Unicef, Justin Forsyth.

Como exemplo, o relatório aponta que entre 2005 e 2015 o número de crianças refugiadas se duplicou, enquanto o de crianças migrantes aumentou 21%.

No total, 31 milhões de crianças vivem hoje fora de seus países de nascimento, incluindo 11 milhões de refugiados e solicitantes de asilo, enquanto há 17 milhões de menores que se encontram deslocados dentro de seus próprios Estados.

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Desses quase 50 milhões de menores afastados de seus lares, mais da metade (28 milhões) se viram forçados a fugir por conflitos ou violência.

O Unicef destacou que as crianças representam uma "porcentagem desproporcional e crescente" de todos os deslocados e quase metade de todos os refugiados que há no mundo.

Crianças refugiadas de Gâmbia consultam mapa em abrigo na Itália
Foto: EFE

Além disso, cada vez mais há menores que cruzam sozinhos as fronteiras, pois, segundo o texto, apenas em 2015 cerca de 100.000 crianças não acompanhadas solicitaram asilo em 78 países, o triplo que em 2014.

Esses menores que viajam sem companhia estão muito expostos a sofrer exploração e abusos por parte de contrabandistas e traficantes de pessoas, lembrou a Unicef.

A educação também sofre enormemente quando uma criança se vê obrigada a deixar seu lugar de origem e, por exemplo, os refugiados têm cinco vezes mais probabilidades de não frequentar a escola que o restante dos menores.

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Apesar da intensidade do debate sobre os refugiados e os migrantes na Europa e nos Estados Unidos, o relatório confirma que o grosso do problema acontece precisamente longe dali.

Os dez países que acolhem mais refugiados estão na Ásia e na África, com a Turquia à frente em termos absolutos, e com países como o Líbano, onde aproximadamente um de cada cinco habitantes é refugiado.

"Na Europa muitos governos sentem que esta é uma crise arrasadora (...), mas é importante lembrar que, com muita diferença, a maior carga é assumida por países da região onde se produzem as crises", frisou Forsyth.

Do total de crianças sob proteção do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur), 45% procede da Síria e do Afeganistão.

No entanto, o problema afeta também de forma considerável outras regiões como a África - onde os movimentos acontecem principalmente dentro de países ou entre nações vizinhas - e a América, onde vivem 6,3 milhões de crianças migrantes, 21% do total mundial.

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Quatro de cada cinco desses menores vivem em três países (Estados Unidos, México e Canadá) e o Unicef alerta do "alto e crescente número de crianças vulneráveis" que estão se deslocando por sua conta dentro do continente, frequentemente fugindo da violência em seus lares e comunidades.

O relatório do Unicef é divulgado a poucos dias que Nova York acolha duas grandes cúpulas sobre a crise dos refugiados, uma marcada para 19 de setembro pela ONU e outra que acontecerá no dia seguinte por iniciativa dos Estados Unidos.

  
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