Trata-se de um problema que ameaça vidas e que foi previsto há tempos, mas que até hoje poucos no governo ou no setor privado fizeram muita coisa para resolver. Agora, as consequências estão atingindo algumas das comunidades mais vulneráveis dos Estados Unidos.
A campanha norte-americana de vacinação contra Covid-19 não está alcançando negros e hispânicos, apesar dos alertas contundentes sobre a falta de acesso a cuidados de saúde e à hesitação acentuada diante de vacinas nestas comunidades, enraizadas na desconfiança do governo e em episódios históricos de exploração médica.
A questão ganhou destaque em pesquisas e grupos de estudo do governo desde o verão passado no país, mas não existe um esforço nacional abrangente do governo federal ou de grandes filantropos para tratar do problema, o que deixa uma colcha de retalhos de ativistas locais subfinanciados para preencher o vazio, de acordo com entrevistas da Reuters com 15 entidades sem fins lucrativos e grupos de filantropia.
Os resultado da inação são desoladores: enquanto as comunidades de pessoas de cor correm mais risco de contrair infecções graves ou fatais de Covid-19, as pessoas brancas são duas vezes mais vacinadas do que as negras e duas vezes e meia mais do que as hispânicas, segundo um estudo de 1º de março da Kaiser Family Foundation.
"Precisamos ir para a rua e começar a nos conectar com as pessoas antes que seja tarde demais", disse Betsy MacLean, que comanda a entidade sem fins lucrativos de planejamento urbano Hester Street.
Organizadores de comunidades negras e hispânicas têm dificuldades para obter financiamento público ou privado para iniciativas de divulgação da vacinação.